Resenha literária |
1822
Laurentino Gomes
Livros de história são chatos!
Quem sempre leu os livros de história indicados por professores na escola e sempre o fez forçado, certamente diria essa frase imediatamente quando fosse sugerido a leitura do livro 1822 de Laurentino Gomes. Mas pasmem: Essa afirmação é tão comum, quanto equivocada.
Ler 1822 é um prazer tão grande que a grande maioria dos leitores, pelo menos os que não conhecem os livros de Laurentino Gomes, vão se surpreender ao fazê-lo. Trata-se de um livro leve, magistralmente escrito por esse craque da literatura que encontrou um nicho onde tínhamos uma lacuna a ser preenchida e ele soube preencher com maestria.
A trilogia (até aqui, pelo menos) que começou com 1808, continuou com este 1822 e seguiu com 1889, joga uma luz sobre fases importantes da história brasileira. Quem ainda não experimentou, o meu conselho é que faça isso imediatamente, por qualquer um dos livros e, certamente, terá vontade de ler os outros.
1822 trata basicamente do período compreendido entre 1821, ano em que D. João volta para Portugal e ano que antecede ao da independência do Brasil, e segue até 1834, ano em que D. Pedro I, que já havia voltado para Portugal e já tinha o título de D. Pedro IV de Portugal.
Para nós, evidentemente, a época mais interessante é a época do primeiro império, quando D. Pedro I fez poucas e boas, tanto nos campos econômico e diplomáticos, quanto no campo pessoal, uma vez que ele certamente seria a glória para qualquer colunista social da época.
Tanto quanto D. Pedro I, outros personagens, conhecidos ou nem tanto, ganham novas cores, como José Bonifácio e Dona Leopoldina, que ganham importâncias que nem sempre foram conferidas a eles. São personagens ricos da nossa história, mas que em geral estudamos superficialmente e nem sempre entendemos o real valor.
No final das contas chegamos à conclusão que o grito do Ipiranga provavelmente não foi um grito, não foi tão heróico assim e não passou de um símbolo, pois a independência mesmo se deveu a outros fatores muito mais complexos do que simplesmente tirar a espada da cinta e gritar Independência ou Morte.
(postagem 173)
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