sexta-feira, 30 de maio de 2014

Jamelão

Música














Jamelão

José Bispo Clementino dos Santos, mais conhecido como Jamelão (Rio de Janeiro, 12 de maio de 1913 – Rio de Janeiro, 14 de junho de 2008), foi um cantor brasileiro, tradicional intérprete dos sambas-enredo da escola de samba Mangueira.

Nasceu no bairro de São Cristóvão e passou a maior parte da juventude no Engenho Novo, para onde se mudou com seus pais. Lá, começou a trabalhar, para ajudar no sustento da família - seu pai havia se separado de sua mãe. Levado por um amigo músico, conheceu a Estação Primeira de Mangueira e se apaixonou pela escola de samba.

Ganhou o apelido de Jamelão na época em que se apresentava em gafieiras da capital fluminense. Começou ainda jovem, tocando tamborim na bateria da Mangueira e depois se tornou um dos principais intérpretes da escola.

Passou para o cavaquinho e depois conseguiu trabalhos no rádio e em boates. Foi "corista" do cantor Francisco Alves e, numa noite, assumiu o lugar dele para cantar uma música de Herivelto Martins.

A consagração veio como cantor de samba. Entre seus sucessos, estão "Fechei a Porta" (Sebastião Motta/ Ferreira dos Santos), "Leviana" (Zé Kéti), "Folha Morta" (Ary Barroso), "Não Põe a Mão" (P.S. Mutt/ A. Canegal/ B. Moreira), "Matriz ou Filial" (Lúcio Cardim), "Exaltação à Mangueira" (Enéas Brites/ Aluisio da Costa), "Eu Agora Sou Feliz" (com Mestre Gato), "O Samba É Bom Assim" (Norival Reis/ Helio Nascimento) e "Quem Samba Fica" (com Tião Motorista).

De 1949 até 2006, Jamelão foi intérprete de samba-enredo na Mangueira, sendo voz principal a partir de 1952, quando sucedeu Xangô da Mangueira.  Em janeiro de 2001, recebeu a medalha da Ordem do Mérito Cultural, entregue pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Diabético e hipertenso, Jamelão teve problemas pulmonares e, desde 2006, sofreu dois derrames.

Morreu às 4hs do dia 14 de junho de 2008, aos 95 anos, na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em sua cidade natal, por falência múltipla dos órgãos.

Grande intérprete e admirador de Lupicínio Rodrigues, a seguir vamos curtir “Quem há de dizer”, de Lupicínio, na voz de Jamelão. A seguir um vídeo com essa interpretação.

Quem Há De Dizer
(Lupicínio Rodrigues)

Quem há de dizer
Que quem você está vendo
Naquela mesa bebendo
É o meu querido amor?

Repare bem que toda vez
Que ela fala
Ilumina mais a sala
Do que luz do refletor

O cabaré se clama quando ela dança
E com a mesma esperança
Todos lhe põe o olhar
E eu, o dono,
Aqui no meu abandono
Espero louco de sono
O cabaré terminar

Rapaz, leva esta mulher contigo
Disse uma vez um amigo
Quando nos viu conversar
Vocês se amam
E o amor deve ser sagrado
O resto deixa de lado
Vá construir o seu lar

Palavra, quase aceitei o conselho
O mundo, este grande espelho
Que me fez pensar assim:
Ela nasceu com o destino da lua
Pra todos que andam na rua
Não vai viver só pra mim.


Ouvir












https://www.youtube.com/watch?v=9Nhq5gwLSVA


(postagem 147)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Por que ocorrem falhas no sistema

Qualidade














Por que ocorrem falhas no sistema

Fonte: http://www.blogdaqualidade.com.br/por-que-ocorrem-falhas-sistema/

Nos processos de produção tanto de produtos quanto de serviços existe a probabilidade das coisas saírem erradas. Falhas são inevitáveis, mas o fato de aceitar que ocorrerão não significa ignorá-las, pelo contrário: deve-se tentar minimizá-las ao máximo e saber diferenciá-las, pois nem todos os defeitos são igualmente sérios e alguns até podem não ser percebidos. Portanto, as empresas precisam saber diferenciar os tipos de falhas e prestar mais atenção àquelas que são críticas por si só, ou porque podem afetar todo o processo.

Por que os sistemas falham

Os defeitos (ou falhas) na produção ocorrem por razões diferentes, ou seja, as máquinas podem quebrar, os clientes podem fazer pedidos inesperados que a produção não consiga atender, os funcionários podem cometer erros, a matéria-prima fornecida pode estar fora da especificação, etc. Desta forma, podemos classificar-las da seguinte maneira:

Falhas de projeto: são as que ocorrem porque o projeto do processo está mal especificado.
Ex.: A máquina parou de funcionar porque seu projeto continha erros.

Falhas nas instalações: são as que podem ocorrer em máquinas, equipamentos, edifícios, etc.
Ex.: A máquina falhou porque sua manutenção não foi realizada corretamente.

Falhas de pessoal: são as que ocorrem devido a erros cometidos pelos funcionários.
Ex.: O produto não passou pelo controle de qualidade porque ocorreu um erro no processo.

Falhas de fornecedores: são as relacionadas ao não cumprimento do prazo de entrega, ou da má qualidade da matéria-prima fornecida.
Ex.: O produto apresentou defeitos porque um de seus componentes parou de funcionar.

Falhas de clientes: são as relacionadas ao mal uso dos produtos e serviços pelos clientes.
Ex.: A lavadora de roupas apresentou defeitos porque o consumidor utilizou-a inadequadamente por não ter tido instruções corretas.

Falhas podem ser vistas como oportunidade

Apesar dos defeitos poderem ser classificados, eles originam-se de algum tipo de falha humana. Desta forma, as falhas podem ser controladas e as empresas podem aprender a modificar seu comportamento para corrigi-las.

Assim, as falhas poderão ser vistas como um processo de melhoria, pois ao invés de identificarmos um culpado ou responsável por elas, podemos vê-la como uma oportunidade de examinarmos porque ocorreram e implementarmos procedimentos para que não ocorram novamente.


(postagem 146)

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Alongamento: guia para o corredor

Corridas e Caminhadas













Alongamento: guia para o corredor

Fonte: http://o2porminuto.ativo.com/corrida-de-rua/materia/alongamento--guia-para-o-corredor


Descubra a importância desses exercícios e os músculos principais a serem trabalhados

O alongamento antes e depois das atividades físicas é defendido por muitos especialistas. Desde as aulas de educação física, nos primeiros anos da escola, é ensinado o exercício.

O alongamento é um conjunto de técnicas voltadas para o aumento da flexibilidade muscular e o estiramento das fibras musculares, fazendo com que ampliem seu comprimento.

Aprenda um método diferente de alongamento e melhore sua performance. Segundo Maurício Garcia, coordenador do setor de fisioterapia do Instituto Cohen, em São Paulo, “quanto mais alongado um músculo, maior será a movimentação da articulação comandada por ele e, portanto, maior sua flexibilidade”. Por isso, esse trabalho precisa ser feito em mais de um grupo muscular. “Uma pessoa pode apresentar boa flexibilidade na articulação dos joelhos, por exemplo, e não ter o mesmo grau em outras”, afirma.

Que músculos o corredor precisa alongar?

- Panturrilha;
- Tibiais anteriores (também musculatura da canela);
- Quadríceps;
- Isquiotibiais (posteriores da coxa);
- Adutores e abdutores da coxa;
- Glúteo;
- Região cervical, dorsal e lombar.

Quando fazer?

Para Garcia, o ideal é fazer antes e depois da atividade física. “Na preparação para o treino, o alongamento ajuda no aquecimento da musculatura, preparando-a para as exigências as quais será submetida, além de proteger e melhorar o desempenho muscular”, diz. “Após a corrida, é fundamental para relaxar os músculos e, assim, auxiliar na recuperação.”

Quanto tempo?

“O tempo é imensurável. Alguns artigos científicos defendem de 10 a 15 segundos, mas há quem faça mais, após ganhar certa experiência”, explica.

Respeite seus limites

Se você não tem o hábito de se alongar, vá com calma nos primeiro dias. “O ganho de flexibilidade é um processo demorado, então, não tente se alongar ao extremo de uma vez”, comenta o fisioterapeuta. O importante, de acordo com Garcia, é fazer o exercício regularmente e, aos poucos, a flexibilidade será ampliada.


(postagem 145)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dicas para desenvolver - EMPREENDEDORISMO

Gestão












Dicas para desenvolver - EMPREENDEDORISMO

Embora empreendedorismo seja usado quase sempre com relação a criação de uma empresa, empreender tem um sentido mais amplo, é agregar valor, saber identificar oportunidades e transformá-las em um negócio lucrativo.

Empreendedorismo é criar riqueza através de novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados, novas formas de organização etc. O empreendedor é responsável pelo empreendedorismo, para gerar lucro para a organização, e valor para o cliente.

Um empreendedor é um indivíduo que não espera as coisas acontecerem, mas é uma pessoa pró-ativa, ou seja, faz as coisas acontecerem. Um empreendedor está altamente motivado, tem boas ideias e sabe como implementá-las de forma a alcançar os seus objetivos. Um empreendedor é alguém que não tem medo de iniciar projetos de uma forma arrojada. Por esse motivo, é bastante comum um empreendedor assumir a direção de uma empresa.

Alguém que empreende acredita no seu potencial, apresenta capacidade de liderança e consegue facilmente trabalhar em equipe. Além disso, o empreendedor sabe que um fracasso é apenas uma oportunidade de aprender e ser melhor, e não se deixa abalar com isso.

O autor Augusto Cury, descreve ser empreendedor desta forma:

"Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos. É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola. É tomar atitudes que ninguém tomou. É ter consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória. É não esperar uma herança, mas construir uma história... Quantos projetos você deixou para trás? Quantas vezes seus temores bloquearam seus sonhos? Ser um empreendedor não é esperar a felicidade acontecer, mas conquistá-la."

Evidentemente que não existe UMA regra para se tornar empreendedor da noite para o dia, mas todos podemos buscar desenvolver essa característica. Vejamos algumas dicas.


8 Dicas para desenvolver - EMPREENDEDORISMO

1 - Crie uma visão, persiga seus sonhos e faça as coisas acontecerem e se concretizarem;

2 - Acredite em sua intuição e procure perceber nichos e oportunidades;

3 - Planeje, estabeleça planos e metas, faça cronogramas e invista os recursos necessários para a implementação;

4 - Aprenda a tomas decisões complexas e a correr riscos bem calculados;

5 - Assista filmes como “Presente de Grego”, “Erin Brockovich”, etc.

6 - Explore muito o site da Endeavor (www.endeavor.org.br) e não perca a biblioteca e a videoteca virtuais deles.

7 - Leia biografias de personalidades da história universal, de empresários bem sucedidos e de cases de empresas de sucesso;

8 - Leia livros (por exemplo, “O Segredo de Luiza” de Fernando Dolabela) e faça cursos de Empreendedorismo.


(postagem 144)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Os cães e o centro do universo

Contos & Crônicas














Os cães e o centro do universo

Os cães são o nosso elo com o paraíso. 
Eles não conhecem a maldade, 
a inveja ou o descontentamento. 
Sentar-se com um cão 
ao pé de uma colina numa linda tarde, 
é voltar ao Éden, 
onde ficar sem fazer nada não era tédio, 
era paz.
Milan Kundera

Sempre vejo passar pela minha rua um catador de papéis que, invariavelmente, é seguido por dois cães. Às vezes tem outros também o seguindo, mas tem dois que sempre estão com ele, seguindo-o por onde for.

Os dois cães poderiam ser irmãos, pois tem os mesmos olhos tristes. Ambos tem o pêlo desgrenhado marrom claro, sendo que um tem na cara uma grande mancha marrom escura e em volta do olho uma mancha preta, ao contrário do outro que é totalmente marrom claro.

O catador de papéis passa diariamente, quase sempre no mesmo horário, com seu carrinho abarrotado de papéis, papelões e outros materiais como plásticos, garrafas pet e etc e os dois cães seguem atrás como guardas e amigos inseparáveis.

Olhando com olhar estritamente humano é difícil entender o motivo pelo qual aqueles dois cães, que não me parece que sejam bem tratados, devotam tanta afeição àquele senhor que tem tão pouco a oferecer, inclusive já o vi enxotando os cães que batem em retirada e o aguardam na próxima esquina abanando o rabo com a felicidade de quem viu uma pessoa amada e a pureza de quem não guardou mágoa da última vez em que foi enxotado, mesmo isso tendo sido alguns minutos atrás.

O catador de papéis segue atrapalhando o trânsito, ignorando carros e transeuntes, seguindo com seu carrinho e seu sorriso sem dentes.

Atrás dele seguem os dois cães que não se importam se o seu dono cheira bem ou se tem dentes, se tem amigos ou se é solitário. O centro do mundo para eles, provavelmente é o dono com seu carrinho e tudo o mais gira em torno deles.

No fim da noite provavelmente o catador se esquenta com uma garrafa de pinga barata e dorme o sono dos justos e dos bêbados, na porta de alguma pizzaria, enquanto os dois cães fazem guarda, mantendo-se assim enquanto houver movimento na rua, e depois se enrodilham próximo do seu dono e dormem um sono leve, sempre prontos para abrir os olhos ou mesmo levantar a qualquer ruído ou movimento que possa ser interpretado como ameaça a seu dono.

O mesmo dono que no dia seguinte vai acordar de ressaca e descontar toda sua raiva nos dois amigos.


(postagem 143)

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Lima Barreto

Leitura













Lima Barreto

Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1922) nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio. Filho de Joaquim Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta, ambos mestiços e pobres. Sofreu preconceito a vida toda. Seu pai era tipógrafo e sua mãe professora primária. Logo cedo ficou órfão de mãe.

Foi escritor e jornalista brasileiro. Estudou no Colégio Pedro II e ingressou na Escola Politécnica, no curso de Engenharia. Seu pai enlouquece e é internado, obrigando Lima Barreto a abandonar o curso de Engenharia. Para sustentar a família, empregou-se na Secretaria de Guerra e ao mesmo tempo, escrevia para vários jornais do Rio de Janeiro. Ao produzir uma literatura inteiramente desvinculada dos padrões e do gosto vigente, recebe severas críticas dos letrados tradicionais. Explora em suas obras, as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da República. Com seu espírito inquieto e rebelde, Lima Barreto entrega-se ao álcool.

Com uma linguagem descuidada, suas obras são impregnadas da justa preocupação com os fatos históricos e com os costumes sociais. Lima Barreto torna-se uma espécie de cronista e um caricaturista se vingando da hostilidade dos escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles contos e romances que revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização.

A obra prima de Lima Barreto, não perturbada pela caricatura, foi "Triste Fim de Policarpo Quaresma". Nela o autor conta o drama de um velho aposentado, O Policarpo, em sua luta pela salvação do Brasil.

Afonso Henriques Lima Barreto com seu espírito inquieto e rebelde, seu inconformismo com a mediocridade reinante, se entrega ao álcool. Suas constantes depressões o levam duas vezes para o hospital. Em 01 de novembro de 1922 morre de um ataque cardíaco.



O Caçador Doméstico

O Simões era descendente de uma famosa família dos Feitais, do estado do Rio, de que o 13 de maio arrebatou mais de mil escravos.

Uma verdadeira fortuna, porque escravo, naquelas épocas, apesar da agitação abolicionista, era mercadoria valorizada. Valia bem um conto de réis a cabeça, portanto os tais de Feitais perderam cerca ou mais de mil contos.

De resto, era mercadoria que não precisava muitos cuidados. Antes da lei do Ventre Livre, a sua multiplicação ficava aos cuidados dos senhores e depois… também.

Esses Feitais eram célebres pelo sadio tratamento de gado de engorda que davam aos seus escravos e também pela sua teimosia escravagista.

Se não eram requintadamente cruéis para com os seus cativos, tinham, em oposição, um horror extraordinário à carta de alforria.

Não davam uma, fosse por que pretexto fosse.

Conta-se até que o velho Feital, tendo um escravo mais claro que mostrava aptidões para os estudos, dera-lhe professores e o matriculara na Faculdade de Medicina.

Quando o rapaz ia terminar o curso, retirara-o dela, trouxera-o para a fazenda, da qual o fizera médico, mas nunca lhe dera carta de liberdade, embora o tratasse como homem livre e o fizesse tratar assim por todos.

Simões vinha dessa gente que empobrecera de uma hora para a outra.

Muito tapado, não soubera aproveitar as relações de família, para formar-se em qualquer cousa e arranjar boas sinecuras, entre as quais a de deputado, para a qual estava a calhar, pois de família do partido escravagista-conservador, tinha o mais lindo estofo para ser um republicano do mais puro quilate brasileiro.

Fez-se burocrata; e, logo que os vencimentos deram para a cousa, casou com uma Magalhães Borromeu, de Santa Maria Madalena, cuja família também se havia arruinado com a Abolição.

Na repartição, o Simões não se fez de trouxa. Aproveitou as relações e amizades de família, para promoções, preterindo toda a gente.

Quando chegou, aí, por chefe de seção, lembrou-se que descendia de gente de lavoura e mudou-se para os subúrbios, onde teria alguma ideia da roça, onde nascera.

Os restos de matas que há por aquelas paragens deram-lhe lembranças saudosas da sua mocidade nas fazendas de seus tios. Lembrou-se que caçava; lembrou-se da sua matilha para caititus e pacas; e deu em criar cachorros que adestrava para a caça, como se tivesse de fazer alguma.

No lugar em que morava, só havia uma espécie de caça rasteira: eram preás porém nos capinzais; mas, Simões, que era da nobre família dos Feitais de Pati e adjacências, não podia entregar-se a torneio tão vagabundo.

Como havia de empregar a sua gloriosa matilha?

À sua perversidade inata acudiu-lhe logo um alvitre: caçar os frangos e outros galináceos da vizinhança que, fortuitamente, lhe iam ter no quintal.

Era ver um frango de qualquer vizinho, imediatamente estumava a cachorrada que estraçalhava em três tempos o bicharoco.

Os vizinhos, acostumados com os pacatos moradores antigos, estranharam a maldade de semelhante imbecil que se fazia mudo às reclamações da pobre gente que lhe morava em torno.

Cansados com as proezas do caçador doméstico de frangos e patos, resolveram pôr termo a elas.

Trataram de mal-assombrar a casa. Contrataram um moleque jeitoso que se metia no forro da casa, à noite, e lá arrastava correntes.

Simões lembrou-se dos escravos dos seus parentes Feitais e teve remorsos. Um dia assustou-se tanto que correu espavorido para o quintal, alta noite, em trajes menores, com o falar transtornado. Os seus molossos não o conheceram e o puseram no estado em que punham os incautos frangos da vizinhança: estraçalharam-no.

Tal foi o fim de um dos últimos rebentos dos poderosos Feitais de Barra Mansa.


(postagem 142)

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Voltando a pedalar

Bike













Voltando a pedalar

Fonte: http://www.escoladebicicleta.com.br

Voltar a pedalar é fácil, divertido, uma brincadeira. A bicicleta incorpora uma leveza ligada à juventude.
O número de pessoas que voltam a pedalar depois de muitos anos, quando já adultos, é grande. Quem retorna da maneira correta sente-se feliz com a experiência e segue em frente.
Para voltar a pedalar é necessário tomar alguns cuidados, sendo o mais importante controlar o entusiasmo. O erro mais comum costuma ser montar na bicicleta, sentir aquela juventude correndo nas veias, sair feito um louco para longas distâncias. No dia seguinte provavelmente estará dolorido, talvez até machucado. No mínimo, terá problemas para sentar. Controle-se.

Reiniciar qualquer prática esportiva requer um pouco de orientação, bom senso e, acima de tudo, total controle sobre o entusiasmo. Provavelmente você não estará calejado o suficiente para um convívio um pouco mais longo com o selim.

A qualidade das bicicletas melhora a cada dia. Hoje é possível encontrar um modelo específico para cada necessidade. Hoje existem selins de várias formas projetados para diversas utilizações. Pesquise e escolha o que for mais confortável.

Cuidados

Calma! Antes de sair por aí pedalando pare e pense em alguns erros clássicos de quem está recomeçando:

- imaginar que você é um adolescente e pode tudo
- excesso de entusiasmo pode trazer conseqüências desagradáveis
- não recomece com uma bicicleta imprópria para você
- vá devagar; não fique horas pedalando já na primeira saída
- evite pedalar em locais movimentados sem a devida prática
- Recomece pedalando em locais sem trânsito mesmo que sua coordenação motora seja boa. É fundamental a readaptação.
- A melhor estratégia para voltar a pedalar é pensar em resultados para longo prazo, como qualquer treinamento esportivo.
- A bicicleta consegue fazer milagres na vida de uma pessoa, pode acreditar, mas use-a com bom senso.

Recomeçar já é um treinamento, pelo menos a base dele

"Onde pretendo chegar daqui a seis meses, um ano, dois anos?", esta é a pergunta correta que se deve fazer a si próprio. Objetivos claros, sempre. Quem pensa desta forma normalmente alcança seus objetivos antes do esperado, de maneira mais consistente e com um ótimo resultado.

O que não se deve fazer em relação à bicicleta:

Não tome como primeiro passo para o seu retorno a compra de uma bicicleta no primeiro supermercado que aparecer na frente. Sugerimos que visite algumas boas bicicletarias e veja o que existe no mercado.


(postagem 141)

quarta-feira, 14 de maio de 2014

John Fogerty

Música














John Fogerty

John Cameron Fogerty (Berkeley, Califórnia, 28 de maio de 1945) é um cantor, guitarrista e compositor norte-americano, fundador e ex-líder da banda de country rock Creedence Clearwater Revival. É considerado um dos maiores e mais influentes guitarristas e compositores da história do rock'n roll mundial.

Junto com seu irmão, Tom Fogerty, formaram uma banda no final dos anos 1950 que se chamava Tommy Fogerty and the Blue Velvets e em meados dos anos 1960 trocaram de nome para The Golliwogs.

Em 1968, já com o nome de Creedence Clearwater Revival, a banda editou o seu primeiro álbum que continha o grande êxito, Suzie Q.

Em 1971, devido a tensões entre ambos, Tom deixa o grupo. John tenta manter o grupo unido que ainda edita mais um álbum com o título de Mardi Gras que seria no entanto, o último.

Em 2003, a Revista Rolling Stone incluíu John Fogerty no nº 40 da sua lista dos melhores guitarristas de todos os tempos

O nome da banda foi criado por John: "Creedence" era o nome de um amigo de John e seu irmão, chamado "Creedence Nuball", e Clearwater é a cerveja preferida de John.
John moveu um processo contra Stu Cook e Doug Clifford após ambos montarem a banda Creedence Clearwater Revisited, alegando plágio. Isso fez com que Stu e Doug tivessem que trocar o nome da banda para "Cosmo's Factory". Porém, as cortes julgaram o processo em favor dos dois, e o nome original foi restabelecido.

Após o fim do Creedence em 1972, John declarou que nunca mais tocaria os sucessos da banda em um show solo; esse hiato durou até 1985, quando Bob Dylan e o ex-beatle George Harrison, grandes amigos seus, convenceram-no de que ele deveria tocar seus antigos sucessos novamente para o público. Harrison lhe disse que "se você não fizer, todos vão pensar que "Proud Mary" é uma música da Tina Turner".

Quando John Fogerty processou a gravadora Fantasy Records para disputar os direitos autorais das músicas do Creedence, seu irmão, Tom, ex-guitarrista da banda, tomou partido a favor da gravadora. John declarou em uma entrevista que este foi um dos momentos "mais negros de sua vida". Por essa razão, os dois nunca mais se falaram, e estavam brigados à época da morte de Tom, em 1990.

Vamos curtir um sucesso da banda.


I Heard It Through The Grapevine

(Creedence Clearwater Revival)

Oo, Bet you're wond'ring how I knew 'bout your plans to make me blue
With some other guy that you knew before?
Between the two of us guys, you know I love you more.
It took me by surprise, I must say, when I found out yesterday. Oo,

CHORUS:
I heard it through the grapevine, not much longer would you be mine.
Oo, I heard it through the grapevine, and I'm just about to lose my mind.
Honey, honey yeah.

You know that a man ain't supposed to cry, but these tears I can't hold inside.
Losin' you would end my life you see, 'cause you mean that much to me.
You could have told me yourself that you found someone else.
Instead,

CHORUS

People say you "Hear from what you see, na na not from what you hear."
I can't help bein' confused; if it's true, won't you tell me dear?
Do you plan to let me go for the other guy that you knew before? Oo,

CHORUS (2x)


Tradução

Ouvi Através de Um Boato

Aposto que você está tentando descobrir como eu soube dos seus planos de me deixar triste
Com algum outro rapaz que você conhecera antes?
Entre nós dois rapazes, você sabe que eu te amo mais
Isso me pegou de surpresa, devo dizer quando eu descobri isso ontem. Oh,

(Refrão)
Eu ouvi através de um boato, em breve você já não seria mais minha.
Oh, eu ouvi através de um boato, e eu estou a ponto de enlouquecer
Doçura, doçura, é isso

Você sabe que um homem não deve chorar, mas estas lágrimas, não consigo contê-las.
Perder você terminaria minha vida, veja você, pois você significa tanto para mim.
Você poderia ter me falado que encontrou outra pessoa.
Em vez disso,

(Refrão)

As pessoas dizem que você "Ouve aquilo que você vê, Nã nã não aquilo que você ouve"
Eu não posso deixar de estar confuso; se for verdade, não vai me dizer querida?
Você planeja me largar pelo outro cara que você conheceu? Ho,

(Refrão) 2x


Ouvir












https://www.youtube.com/watch?v=ss0kXPOFtuE


(postagem 140)

segunda-feira, 12 de maio de 2014

CEP - Controle Estatístico de Processo

Qualidade














CEP - Controle Estatístico de Processo

A melhoria da qualidade do produto é uma importante estratégia para aumentar a satisfação do cliente e reduzir custos. O Controle Estatístico do Processo (CEP) associado a outras metodologias como o LEAN e o 6Sigma, é uma importante ferramenta para melhoria da qualidade e aumento da rentabilidade.

A função básica do controle estatístico de processo é padronizar a produção de forma a evitar a variabilidade. A variabilidade como o próprio nome diz, são as variações ocorridas nas especificações dos produtos finais de uma organização. Essa variação compromete o sistema de qualidade visto que alguns produtos deverão ser retrabalhados ou simplesmente sucateados.

Uma ferramenta importantíssima no controle estatístico de processo é a estatística. Através dela efetua-se coleta de dados no processo e formaliza-se uma padronização que deverá ser acompanhada de perto pelos envolvidos no processo de produção.

Existem formas de implantação deste procedimento que devem ser observadas para garantir seu êxito. A primeira delas é selecionar o processo que será utilizado para aplicação do controle estatístico. A prioridade é escolher processos cujos produtos possuem grandes índices de rejeição ou necessitam de grande controle de inspeção.

Os processos cujos produtos possuem grandes índices de rejeição ou necessitam de grande controle de inspeção. Os processos que estão sendo executados harmoniosamente serão analisados posteriormente, pois se não existem sintomas de anomalias não requerem uma preocupação inicial.

O CEP informa quando agir e quando não agir. Se a ação for tomada oportuna e adequadamente ela se mostra econômica e eficaz. Quando se age no processo estamos nos orientando para o futuro e com isso evitamos o desperdício.



No chão de fábrica, a coleta de dados e a contextualização e distribuição das informações de qualidade de forma manual não é uma atividade fácil, gerando desperdícios de utilização da mão de obra em tarefas sem valor agregado.

A utilização de uma solução de CEP moderna e versátil em tempo real possibilita a tomada de medidas preventivas, garantindo o controle do processo e potencializando as ações de qualidade.

Principais benefícios:

Eliminação de papel;
Coleta e monitoração automática de dados;
Análise, visualização e notificação das informações;
Gestão de alarmes e desvios nos processos;
Envolvimento e engajamento das equipes nas iniciativas de qualidade.


O CEP é uma ferramenta para a “operação de produzir com qualidade”.


(postagem 139)

sexta-feira, 9 de maio de 2014

10 passos para perder peso com a corrida

Corridas e Caminhadas













10 passos para perder peso com a corrida


http://o2porminuto.ativo.com/corrida-de-rua/materia/10-passos-para-perder-peso-com-a-corrida?utm_source=redesocialutm_medium=posttimeline&utm_term=O2&utm_campaign=O2


1º passo: consulta médica

Antes de pensar em começar a correr, é importante que os futuros atletas façam um check-up médico para garantir que a saúde está em dia. Essa avaliação inicial pode identificar problemas físicos e cardíacos.

2º passo: controle da alimentação

É comum esses novos atletas adquirirem um condicionamento físico, porém, continuarem com o mesmo peso. Geralmente, o problema está na dieta. Qualquer caloria ingerida em excesso será armazenada em forma de gordura. Ou seja, para emagrecer, é preciso gastar mais calorias do que se come. Entretanto, não é deixando de comer que os resultados virão.

3º passo: comece a treinar

Muitas pessoas imaginam que correr é fácil. Com pouco tempo de exercício, o corpo responde com a fadiga. Ao iniciar a rotina de treinamentos, os sedentários precisam começar leve. As caminhadas no início garantirão que o atleta se mantenha longe das lesões.

4º passo: procure ajuda profissional

Com um treinador elaborando e acompanhando os treinos, as chances de se obter sucesso adotando a corrida como meio de perder peso são grandes. As rotinas serão passadas visando o condicionamento físico e o emagrecimento.

5º passo: complemente sua corrida

Outras atividades físicas, como musculação, natação, ciclismo, além de treinamentos específicos para corredores, como educativos e funcionais, podem ajudar esses atletas. Além de queimar calorias e aprimorarem a mecânica dos movimentos, podem ser realizados nos dias de descanso da corrida. Há outras opções, como a dança e as artes marciais.

6º passo: não desista

A pressa é inimiga da perfeição, já diria o velho ditado popular. Por isso, não se desmotive se não perceber resultados no início do trajeto. Manter a regularidade é o ideal para que, pouco a pouco, os quilos sejam eliminados.

7º passo: não exagere

O ditado acima também vale aqui. Não adianta forçar a barra e treinar excessivamente em busca de resultados mais rápidos. Pessoas acima do peso têm uma fragilidade osteo-músculo-articular maior. Por isso, exagerar nas corridas pode causar sérias lesões – mantendo o atleta afastado do esporte e, consequentemente, do sonho de emagrecer.

8º passo: troque alguns hábitos cotidianos

Mora no terceiro andar de um prédio? Utilize as escadas, ao invés do elevador. Tente ir trabalhar de bicicleta, caminhe com seu cachorro, ajude nas tarefas domésticas. Todas essas (e outras) atitudes são benéficas à saúde e ajudam queimar mais algumas calorias.

9º passo: imponha-se metas atingíveis

Perder muitos quilos em um período muito curto de tempo, além de difícil, pode fazer mal à saúde. Crie metas possíveis de serem atingidas – um treinador pode ajudar – e, assim, manterá a motivação superando uma a uma.

10º passo: divirta-se!

Após algum tempo na corrida – e com os resultados aparecendo –, o atleta pega gosto pelo esporte. Ninguém que perde peso quer voltar a ser como era, por isso, se mantém em movimento.

Fonte: Heitor Gomes, educador físico da academia R. White, de São Paulo; Rafael Brasília, nutricionista da Brasília Nutrição, no Rio de Janeiro (RJ).


(postagem 138)

quarta-feira, 7 de maio de 2014

5 frases típicas de um chefe fraco e inseguro

Gestão












5 frases típicas de um chefe fraco e inseguro

Feliz é aquele que encontra em seu caminho um líder. Alguém que estimula sua criatividade, que antes de tudo dá exemplo e através dele extrai o melhor de sua equipe. O líder entende que sua missão é prover sua equipe de inspiração, visão macro da organização e sabe que não adianta usar de subterfúgios mentirosos para motivar os integrantes de seu time. O líder aplaude a equipe pelas vitórias e assume a responsabilidade pela derrota. Ele tem prazer na vitória de seus alunos e, com isso, alcança maiores resultados para a companhia.

Mas nem sempre isso acontece. É bem comum encontrarmos pela frente chefes fracos e inseguros, anos-luz de distância da definição de líder acima. Temos que estar preparados para esse tipo de chefe, portanto confira as expressões e entenda como lidar com cada um dos perfis apresentados.

1 - “Aqui, quem manda sou eu”

Essa é clássica e muito presente na vida de uma equipe aos cuidados de um chefe fraco e inseguro. É uma das mais rudimentares formas de auto-afirmação, bradadas por chefes sem moral em busca de intimidar suas equipes a fim de conquistar uma migalha de atenção. Se você tem um chefe desses, só lamento.

Tomara que você também não seja tão fraco como ele e escolha viver se sujeitando a levar essa na cara todos os dias. Sugestão: chefes fracos, quando percebem que você não se intimida (mas, ao contrário, respeitosamente, olha em seus olhos durante uma conversa franca), logo desiste de esbravejar e lhe escuta.

Em alguns casos, ficará muito clara a fraqueza dele, pois diante do confronto respeitoso, não sabe o que dizer, sua olheira escurece, gagueja, treme e quase baba na gravata.

2 - “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”

Essa é uma das principais diferenças entre um chefe e um líder. O líder lidera pelo exemplo, enquanto o chefe acha que só será respeitado e honrado pelo poder hierárquico. Geralmente, chefes assim estão acomodados e odeiam seu trabalho, não são nem um pouco comprometidos com a empresa e logo deverão ser substituído. Caso contrário, representam uma excelente oportunidade para você mostrar seu trabalho e sua competência. Destacar-se com chefes acomodados é bem simples, pois seus resultados logo serão percebidos e esse chefe acomodado sairá de seu caminho.

3 - “Não está satisfeito, a porta de saída fica bem ali”

De novo, é um perfil que aposta que na intimidação conseguirá chicotear a sua equipe para atingir suas metas. No fundo, morre de medo de sua equipe ir embora, pois, se isso acontecer, ficará em maus lençóis com seus superiores. No fundo, é fraco, preguiçoso e usa dessa estratégia medíocre por considerar ser o caminho mais fácil para que ele alcance seus objetivos. Minha sugestão é, mais uma vez, de forma sempre respeitosa, olhar no olho, sem se intimidar, para uma conversa franca. É impressionante como chefes fracos podem ser facilmente liderados por seus subordinados.

4 - “Você não é pago para pensar. Você é pago para fazer o que eu mando”

Esse perfil é geralmente centralizador. Não gosta de novas ideias, porque é inseguro, tem medo de perder seu espaço e preguiça para sair de sua zona de conforto onde domina todos os processos. Talvez esse seja um dos perfis mais danosos para um jovem promissor, pois corta na raiz sua chance de ser mais criativo e o coloca dentro de uma caixa hermeticamente fechada. Minha sugestão é que você procure outra empresa para trabalhar ou então assuma o risco de desenvolver processos diferentes que alcancem maiores resultados e assim ganhe a confiança dele. Mas, de novo, é um risco, pois isso não significa que isso vai agradá-lo e você ainda fica exposto a uma demissão por insubordinação.

5 - “Estou aqui há mais de 10 anos fazendo isso e você vem com novas ideias pra reinventar a roda?”

Esse é o chefe limitado. Ele sequer tem vergonha de dizer que está há 10 anos fazendo a mesma coisa. Essa frase, no entanto, não expressa intimidação. Por isso, ele pode ser mais flexível a ser convencido a implantar seu projeto. Chefes limitados geralmente são muito gente boa. Investir num contato mais próximo a fim de conquistar a sua confiança pode ser a melhor estratégia para introduzir novas práticas sugeridas por você. E ele fará questão de divulgar que a ideia foi sua.


(postagem 137)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Crônica: Legado da Copa

Contos & Crônicas














Legado da Copa

Com a chegada cada vez mais próxima da copa do mundo fala-se muito em “legado da copa”. Essa expressão que, tempos atrás, provocava sorrisos sonhadores nos lábios de pobres ingênuos como nós, hoje não me provoca sorriso nenhum. Mas eu tenho convicção que ficarão legados dessa copa.

Olhando a cidade (falo de Curitiba especificamente, mas acredito que não haja diferença com outras várias cidades desse nosso país) fico imaginando que um legado que essa copa vai deixar, infelizmente, será a falta de educação e o descaso cada vez maior com a população. Explico, para que não pensem que estou batendo numa tecla muito manjada e real, do gasto de verbas, superfaturamentos, etc. Não é disso que estou falando. O que observo andando pela cidade são pequenas obras como reforma de calçadas, troca de calçamento de vias públicas, pintura de faixas, etc. Pequenas obras que tempos atrás seriam feitas com muito pouco transtorno o hoje, devido à urgência de aprontar até a copa, causa transtornos muito grandes.

Vamos a exemplos. Uma troca de calçadas há algum tempo seria feita de uma maneira quase que imperceptível. Os funcionários fechariam meia calçada de uma quadra, retirariam o calçamento original, amontoariam em um canto, a noite passaria um caminhão recolhendo e deixando o material do novo calçamento que seria colocado, liberando assim essa meia calçada para o trânsito das pessoas. Em seguida passariam a trabalhar na outra metade da mesma maneira, liberando uma bela nova calçada praticamente sem causar transtorno para ninguém.

Mas não! A copa está próxima e não fizemos nosso dever de casa! Tudo tem que ser feito urgentemente!
Pois bem, baseado nesse conceito de que “não fiz minha parte, agora todos pagam” vejamos como está sendo feito esse mesmo tipo de trabalho:

Vem um caminhão e, bloqueando uma faixa da via de rolamento, despeja todo o novo calçamento que será usado naquela rua. Os funcionários passam a trabalhar na calçada toda, destruindo o calçamento original e bloqueando totalmente a passagem dos transeuntes. Nem se cogita a liberação de um corredor para a passagem dos pedestres. No início do dia, além daquela faixa de rolamento já bloqueada, outros caminhões param junto aos funcionários, provavelmente trazendo material que, por falta de planejamento, foi esquecido, bloqueando mais uma faixa de trânsito.

Resumo da história, ao final do trabalho sofreu o pedestre, sofreu o motorista, sofreram os moradores e, sabe-se lá se o serviço ficou bem feito, pois a desorganização foi tanta que não dá para ter uma visão clara.

Vamos a outro exemplo, que é a troca da camada asfáltica das ruas e a pintura de faixas. Esse tipo de serviço sempre foi feito com algum transtorno, mas estes sempre foram minimizados, o que não acontece hoje. Tempos atrás o serviço seria realizado prioritariamente a noite ou em horários alternativos para não afetar demasiadamente o trânsito. Hoje os caminhões bloqueiam no mínimo duas faixas de rolamento, colocam sinalizações apenas no local onde está se realizando o serviço, causando um afunilamento no trânsito e um estresse incalculável. E em que horário esse serviço é realizado? Nos horários de maior movimento possível. A impressão que se tem é que estão querendo mostrar para a população que “obras estão sendo realizadas”, sem se preocupar com os transtornos causados.

Mas voltando à ideia original do legado, eu acredito que essa falta de respeito será deixada como legado não só por causa dessas obras públicas, mas também porque, espelhado nelas, a impressão que tenho é que todas as construções feitas na cidade estão seguindo por esse caminho da falta de respeito e descaso com a população, porque não é raro ver por aí construções particulares e de grandes construtoras utilizando as mesmas práticas, bloqueando calçadas, atrapalhando o trânsito, muitas vezes desnecessariamente, em locais que teria como encostar um caminhão eles preferem colocar um cavalete e fechar uma faixa de rolamento.

Como cidadão poderíamos ligar para o poder público e pedir providências, mas fica aquela dúvida no fundo da mente: será que o poder público teria condições moral para, nesse momento, aplicar sanções para esse tipo de falta?


(postagem 136)

sexta-feira, 2 de maio de 2014

José de Alencar

Leitura













José de Alencar

José de Alencar (1829-1877) nasceu em Mecejana, Ceará no dia 1 de maio de 1829. Filho de José Martiniano de Alencar, senador do império, e de Ana Josefina.

Foi romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista. Destacou-se na carreira literária com a publicação do romance "O Guarani", em forma de folhetim, no Diário do Rio de Janeiro, onde alcançou enorme sucesso. Seu romance "O Guarani" serviu de inspiração ao músico Carlos Gomes, que compôs a ópera O Guarani. Foi escolhido por Machado de Assis, para patrono da Cadeira nº 23, da Academia Brasileira de Letras.

José de Alencar consolidou o romance brasileiro, ao escrever movido por sentimento de missão patriótica. O regionalismo presente em suas obras, abriu caminho para outros sertanistas, preocupados em mostrar o Brasil rural.

José de Alencar criou uma literatura nacionalista onde se evidencia uma maneira de sentir e pensar tipicamente brasileiras. Suas obras são especialmente bem sucedidas quando o autor transporta a tradição indígena para a ficção. Tão grande foi a preocupação de José de Alencar em retratar sua terra e seu povo que muitas das páginas de seus romances relatam mitos, lendas, tradições, festas religiosas, usos e costumes observados pessoalmente por ele, com o intuito de, cada vez mais, abrasileirar seus textos.

Famoso, a ponto de ser aclamado por Machado de Assis como "o chefe da literatura nacional", José de Alencar morreu aos 48 anos no Rio de Janeiro vítima da tuberculose, em 12 de dezembro de 1877, deixando seis filhos, inclusive Mário de Alencar, que seguiria a carreira de letras do pai.

Vejamos um conto desse autor.


Falemos de Flores

O que é uma flor?
Será esta criação vegetal que na primavera se abre do botão de uma planta?

Não: a flor é o tipo da perfeição, é a mais sublime expressão da beleza, é um sorriso cristalizado, é um raio de luz perfumado.
Por isso há muitas espécies de flor.

Há as flores do vale - mimosas criaturas que vivem o espaço de um dia, que se alimentam de orvalho, de luz e de sombras.
Há as flores do céu - as estrelas, - que brilham à noite no seu manto azul, como os olhos de uma linda pensativa.
Há as flores do ar - as borboletas, - que têm nas suas asas ligeiras as mais belas cores do prisma.
Há as flores da terra - as mulheres, - rosas perfumadas que ocultam entre as folhas os seus espinhos.
Há as flores dos lábios - os sorrisos, lindas boninas que o menor sopro desfolha.
Há as flores do mar - as pérolas, - filhas do oceano que saem do seio das ondas para se aninharem no seio de uma mulher morena.
Há as flores da poesia - os versos, - às vezes tão cheios de perfumes e de sentimentos como a mais bela flor da primavera.
Há as flores d'alma - os sentimentos, - flores a que o coração serve de vaso, e as lágrimas de orvalho.
Há as flores da religião - as preces, - modestas violetas que perfumam a sombra e o retiro.
Há as flores da harmonia - os gorjeios - que brincam nos lábios mimosos de uma boquinha sedutora.
Há as flores do espírito - os ziguezagues, - que nascem sobre o papel como rosas silvestres e sem cultura.
(Não falo dos nossos ziguezagues, que, quando muito, são flores murchas).
Há enfim uma espécie de flor que é tão rara como a tulipa negra de Alexandre Dumas, como o cravo azul de Jean-Jacques, como o crisântemo azul de George Sand.

É a flor da vida, este sonho dourado, este puro ideal a que todos aspiram e de que tão poucos gozam.
Porque a flor da vida apenas vive um dia, como as rosas da manhã que a brisa da tarde desfolha.
E quando murcha, deixa dentro d'alma os seus perfumes, que são essas recordações queridas que nos sorriem ainda nos últimos tempos da existência.

Para uns a flor da vida nasce nos lábios de uma mulher; para outros no seio de um amigo.

Feliz do caminhante que à beira do bosque por onde passa colhe esta florzinha azul, espécie de urze cingida de uma coroa de espinhos.
Muitas vezes, depois de muitas fadigas, quando já tem as mãos feridas dos espinhos, e que vai colher a flor, ela se desfolha.
O vento soprou sobre ela, ou um verme roeu-lhe os estames.

Até aqui os meus leitores têm visto o mundo pelo prisma de uma flor; mas não se devem iludir com isso.
Algum velho político de cabelos brancos lhes dirá que isto são simples devaneios de uma imaginação exaltada.
A flor é a poesia, mas o fruto é a realidade, é a única verdade da vida.
Enquanto pois os poetas vivem à busca de flores, os homens sérios e graves, os homens práticos só tratam de colher os frutos.
Eles vêem desabrochar as flores, exalar os seus perfumes, e esperam como o hortelão que chegue o outono e com ele o tempo da colheita.
E na verdade, a flor encerra sempre o germe de um fruto, de um pomo dourado, que outrora perdeu o homem, mas que é hoje a sua salvação.
A explicação disto me levaria muito longe, se eu não me lembrasse que até agora ainda não escrevi uma linha de revista, e ainda não dei aos meus leitores uma notícia curiosa.
Mas, a falar a verdade, não me agrada este papel de noticiador de coisas velhas, que o meu leitor todos os dias vê reproduzidas nos quatro jornais da corte, em primeira, segunda, e terceira edição.

Poderia dizer-lhe que depois da epidemia vai-se revelando uma outra epidemia de divertimentos, realmente assustadora.

Fala-se em clube artístico, em baile mascarado no teatro lírico, em passeios de máscaras pelas ruas, numa companhia francesa de vaudevilles, e em mil outras coisas que tornarão esta bela cidade do Rio de Janeiro um verdadeiro paraíso.
Neste tempo é que os folhetinistas baterão as asas de contentes, e não terão trabalho de escrever tiras de papel; preferirão ir ao baile, ao passeio, ao teatro, colher as flores de que hão de formar o seu bouquet de domingo.
Enquanto porém não chega esta bela quadra, essa primavera dos nossos salões, esse abril florido da nossa sociedade, não há remédio senão contentarmo-nos com o que temos, e em vez de rosas, apresentar ao leitor as folhas secas do ano.

A respeito de teatro, não falemos; é uma casa em cujo pórtico (digo pórtico figuradamente) a prudência parece ter gravado a inscrição de Dante: - Guarda e passa.
Se desprezais o aviso e entrais, daí a pouco tereis razão de arrepender-vos.
Sentai-vos em uma cadeira qualquer: a vossa direita está um gruísta; a vossa esquerda um chartonista.
Levanta-se o pano: representa-se a Norma ou a Fidanzata Corsa; canta uma das duas prima-donas, uma das duas prediletas do público.
- Bravo! grita o gruísta entusiasmado.
- Que exageração! diz o chartonista estirando o beiço.
- Divino!
- Oh! é demais!
- Sublime!
- Insuportável!
E assim neste crescendo continuam os dois dilettanti, de maneira que o vosso ouvido direito está sempre em completa oposição com o vosso ouvido esquerdo.
Cai o pano.
No intervalo conversai um pouco com os vossos vizinhos.
- É preciso ser completamente ignorante, diz o gruísta com o aplomb de um maestro, para não se apreciar a sublimidade do talento desta mulher!

Vós, meu leitor, que não quereis assinar um termo de ignorante, não tendes remédio senão confessar-vos gruísta, e em lugar de dois pontos de admiração dais três.
- Com efeito, é uma artista exímia!!!
Apenas acabais a palavra, quando o chartonista vos interroga do outro lado.
- É possível que um homem de gosto e de sentimento admita semelhantes exagerações?
Ficais embatucado; mas, se não quereis passar por homem de mau gosto, deveis imediatamente responder:
- Com efeito, não é natural.
Daí a um momento o vosso vizinho da direita retruca:
- Veja, todos os camarotes da 4a ordem estão vazios.
- É verdade!
Torna o vizinho esquerdo:
- Com esta chuva, que casa, hem!
- Boa!

Agora acrescentai a isto as desafinações do Dufrene, a rouquidão do Gentile, os cochilos do contra-regra, e fazei idéia do divertimento de uma noite de teatro.


(postagem 135)