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Lean na Gestão Pública: O caso Melbourne
Por: José Roberto Ferro
Fonte: http://epocanegocios.globo.com/
COMO UM JEITO DIFERENTE DE GOVERNAR COLOCOU A CIDADE AUSTRALIANA NO TOPO DA LISTA DAS MELHORES PARA SE VIVER
A cidade de Melbourne, na Austrália, foi escolhida como a melhor cidade para se viver, mantendo-se nessa posição nos últimos quatro anos.
Essa escolha baseou-se em trabalho realizado pela organização de pesquisa da revista "The Economist". Foram avaliadas 140 cidades em todo o mundo a partir de parâmetros, como cultura e ambiente, estabilidade, educação, saúde e infraestrutura, que permitiram definir as cidades com melhores condições de vida.
Melbourne é a segunda maior cidade da Austrália, com 4,5 milhões de habitantes, e capital do Estado de Vitoria. Fundada em 1847, tem uma governança local dividida entre o governo estadual e várias cidades que compõem a zona metropolitana. A figura do prefeito é essencialmente decorativa, e os gestores são profissionais.
Os bons indicadores de Melbourne são conseguidos a partir de uma gestão capacitada e definições políticas do governo estadual e das câmaras municipais que se preocupam com as questões de transporte público, estradas principais, controle do trânsito, segurança, educação acima da pré-escola, saúde e planejamento dos principais projetos de infraestrutura.
Há cerca de cinco anos, a cidade tem passado por um esforço de transformação usando os princípios lean (“enxutos”) e vem aplicando os métodos, práticas e conceitos da filosofia lean de gestão nos principais fluxos de valor do governo municipal para tornar as coisas mais rápidas, melhores e mais baratas para os cidadãos e colaboradores.
Uma nova CEO (ou presidente) assumiu a gestão da cidade em 2008 com a promessa de aumentar a qualidade e a eficiência dos serviços públicos. Médica com experiência na aplicação dos princípios lean na saúde, diretriz de praticamente todo o sistema de saúde do país, quis levar esses conhecimentos acumulados para a gestão local.
O propósito é claro: apoiar a organização a entregar mais valor sob a forma de mais e melhores serviços em resposta à demanda crescente da população, sempre buscando a melhor utilização possível dos recursos já existentes.
Dezenas de fluxos de valor foram melhorados desde o apoio a cidadãos que solicitam documentos, serviços aos turistas, processamento de autorizações, melhoria da gestão de parques, novas práticas nas bibliotecas, sistema de avaliação do valor das propriedades, atividades básicas de saúde e educação, entre outras e várias atividades dos serviços municipais.
Os resultados têm sido a oferta de cada vez mais serviços na medida em que se liberou capacidade de trabalho, melhor qualidade desses serviços e maior satisfação dos colaboradores, mostrando que só é possível essas mudanças ocorrerem se houver o engajamento dos líderes e colaboradores na gestão dos serviços públicos.
Tem havido um esforço recente no sentido de criar lideranças que estimulem um novo modo de pensar crítico que perceba que, por mais progresso que já se tenha feito, ainda há muitas oportunidades de melhoria, sempre tendo como perspectiva os cidadãos. Ou seja, preocupa-se agora em criar uma cultura capaz de continuamente melhorar os processos, independentemente dos ciclos políticos.
Ano após ano, temos testemunhado o poder transformador de a filosofia lean passar da indústria, em seus variados setores, para as atividades de serviços. E temos certeza de que será também capaz de transformar a administração pública.
Vamos ver cada vez mais cidades e governos em todo o mundo procurando usar o sistema lean para transformar a gestão e trazer resultados substancialmente melhores, como a experiência de Melbourne mostra.
As cidades do Brasil estão muito longe das principais posições nesse ranking de melhores cidades para se viver. E estão longe de usar algumas técnicas básicas de gestão. Quanto mais as práticas lean.
Mas o nível de insatisfação com a péssima qualidade e extensão dos serviços públicos é tamanho que cremos ser inevitável uma mudança profunda na gestão.
Uma reforma política que: altere a necessidade de apoios de múltiplos partidos para ganhar eleições; gerencie dando partes da administração e dos recursos financeiros públicos a partidos (cujos interesses não são exatamente os mesmos dos cidadãos); e providencie uma redução de impostos, obrigando a uma maior eficiência, são alguns dos pré-requisitos para uma gestão mais profissional e eficaz que há de ocorrer.
O que faz uma cidade boa para se viver é resultado de boas práticas de gestão.
(postagem 195)
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