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Os 14 princípios de Deming ainda valem para os dias de hoje?
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Em 1986, W. Edwards Deming descreveu 14 princípios no livro “Saia da Crise”, constituindo a sua teoria revolucionária da gestão, que foi um grande sucesso e funcionou como uma ferramenta de mudança organizacional e institucional no Japão pós-guerra. Ainda nos tempos atuais, honramos todas contribuições do Deming para Gestão da Qualidade e a Qualidade da Gestão, e muitos acreditam que este livro foi o mais central e autoritário recurso que influenciou pesquisas de gestão da qualidade nas últimas duas décadas.
Mas será que esses 14 princípios ainda são válidos na era econômica pós 2008? Hoje não esperamos mais um crescimento brusco da economia, a globalização domina o mundo, e a geração de valor e inovação são cada vez mais importantes para quem quer continuar vivo no mercado.
Vamos analisar.
1 – Constância de Propósito
Um dos problemas do século é a falta do foco, a superficialidade, e assim por diante. As pessoas acabam por se comprometer pouco com as coisas e se sentem cada vez menos parte do problema (ou da solução). Se eu não consigo sentar para escrever este artigo sem ser interrompida por meu celular, e parar o que estou fazendo, será que eu realmente consigo manter uma constância de propósito claro no meu trabalho e na minha vida? A questão é que temos boas intenções e às vezes até objetivos bem claros, mas não nos planejamos pra isso, o que torna mais fácil mudar de ideia e atingir um estado de frustração, mesmo tentando se manter competitivo.
2 – Adote a nova filosofia, estamos numa nova era econômica
Estamos numa era diferente de 1950, quando Deming desenvolveu sua filosofia, e não estamos no mesmo lugar que estávamos em 1980, quando ele estava escrevendo e se tornando um guru, mas então, qual é a nova filosofia? Especialistas dizem que é a transformação individual e o afastar da grande perseguição do lucro ilimitado para a entrega de valor e significado, relacionamentos verdadeiros (comerciais principalmente) e sustentabilidade. Mas essa é a teoria que eu concordo, mas qual é a sua opinião?
3 – Deixe de depender da inspeção para atingir a Qualidade
Este princípio resistiu aos muitos anos, e vai resistir ainda por muito tempo ainda. A Qualidade não pode ser executada pelo medo do auditor, medo da não conformidade (neste caso como penalidade, mas não precisa ser) ou para evitar “os caras chatos da Qualidade“, execute qualidade desde o primeiro estágio do produto.
4 – Pare com a prática de aprovar orçamentos com base no preço, avance no sentido de ter menos fornecedores, mas com relacionamentos verdadeiros, baseados em confiança e lealdade.
As técnicas para se avaliar fornecedores mudaram, e se tornaram mais otimizadas, mais robustas (se você não acha isso, sugiro que procure saber dessas técnicas). Mas será que nossas relações com fornecedores são baseadas em confiança e lealdade? Não sei se isso é possível, principalmente em algumas empresas grandes que dificilmente tem relação pessoal com fornecedores. O que você acha?
5 – Melhoria Contínua
Mais uma vez, outro princípio que resistiu ao tempo. A melhoria contínua, tanto no meio acadêmico quanto profissional, tornou-se como ar que respiramos – é algo que você deve fazer, ou então vai morrer. Fim.
6 – Institua treinamento no local de trabalho
Eu não conheço ninguém que acha isso é uma má ideia, mas realmente temos reinventado a forma de treinar, educar, liderar de maneira mais significativa.
7 – Institua Liderança. O objetivo da alta direção deve ser o de ajudar as pessoas, máquinas e dispositivos a executarem um trabalho melhor.
É algo extremamente necessário, mas vejo poucas empresas que dão grande importância para o ato de liderar. Poucas pessoas estudam sobre, tentam aprimorar sua forma de liderar de um jeito que motive a criatividade, decisão e a qualidade. Acredito numa liderança que delega e não larga, que ensina, que forma pessoas melhores e não só ensina práticas.
8 – Elimine o Medo
De todos os princípios, acredito que esse é o que nós temos que dar mais atenção. Avaliação de desempenho ainda é comum, dinâmicas de autoridade ainda são presentes, devido à natureza da relação entre gerente-empregado, mas o medo é agravado durante os períodos de recessão, quando a perda de emprego se torna uma ameaça, o que torna tudo isso um pouco confuso.
9 – Quebrar barreiras entre departamentos
A ênfase no trabalho em equipe ainda é muito necessária. Ninguém consegue chegar a lugar algum completamente sozinho, e equipes conseguem a chegar a soluções criativas quando conseguem se relacionar bem, a inovação e gestão do conhecimento começam a tomar forma.
10 – Elimine slogans, exortações e metas.
Essa questão eu entendo assim: o meu papel de parede dizendo que eu amo qualidade, não faz de fato eu amar a Qualidade. Mas me comprometer com meus planos de ações, não conformidades e a satisfação do cliente me levam ao que eu realmente acredito. Lemas, slogans, objetivos não significam nada quando não a gente não “se encontra” neles. Isso vale para missão, visão e valores também!
11 – Elimine quotas (padrões de trabalho), números, metas numéricas
É possível executar isso? A maioria (se não todas) organizações vem ignorando esse princípio, mas de fato, ia ser muito interessante ouvir algum caso em que se aplica. Se você tem, conta pra gente!
12 – Remova as barreiras que privam as pessoas de seu direito de orgulhar-se de seu trabalho realizado.
Poucas empresas podem dizer que estão ajudando suas equipes a se tornarem felizes e orgulhosas do que fazem. Acredito que há um grande trabalho de psicologia a ser trabalhado por aqui, quem é que está se preocupando com qual resultado isso pode dar. Um trabalhador que realmente se orgulha do que faz pode produzir mais? E como fazer isso de fato? O que você acha?
13 – Institua um forte programa de educação e auto-aprimoramento.
Muitas empresas tem investido muito em educação continuada. Por mais que a gente tenha muito pra caminhar nesse princípio, principalmente com metas individuais de auto-aperfeiçoamento, quando a melhoria não se relaciona diretamente com o papel da pessoa dentro da organização. Por exemplo, quantos gerentes incentivam seus funcionários a seguir um programa de exercícios, se esse funcionário realmente quer fazer um esforço para tornar-se mais saudável? Você vai me falar que isso não é responsabilidade empresarial, mas se alguém consegue instituir disciplina de si mesmo isso não é um ganho? O que você acha sobre isso?
14 – Engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é responsabilidade de todo mundo.
É uma verdade. Mas nós realmente sabemos nossa missão para transformar, sobreviver – e prosperar – em uma economia global em que as regras e os interesses estão fundamentalmente mudando? Eu não tenho certeza de que sabemos o que é necessário, o que temos que fazer. Parece que (como sociedade), estamos lutando para atuar sob as mesmas regras e condições econômicas que nos guiaram nos últimos 50 anos ou mais.
O que pensa sobre os 14 princípios do Deming? É possível aplicá-los ainda nos dias de hoje?
(postagem 211)