sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Maninha

Chico e sua música














Maninha

A cabeça privilegiada de Chico Buarque nos premiou com belíssimas pérolas que já foram analisadas por diversas mentes, brilhantes ou não. Porém a ideia aqui não é fazer uma análise poética ou musical de suas canções, mas sim brincar com as letras sempre inteligentes desse autor e tentar entender o que ele disse nas linhas e/ou nas entrelinhas. Enfim, pesquisando e analisando, busco aprender um pouco mais sobre meu ídolo.

As vezes uma modinha se torna algo banal e descartável, outras vezes, quando brotada de uma mente privilegiada como a de Chico Buarque se torna uma obra prima. Foi o que aconteceu com Maninha, a canção que escolhemos para tratar hoje.

Aparentemente Maninha é uma canção banal que o autor faz para a irmã (provavelmente Miucha) onde são sugeridas lembranças da infância passada. Fogueiras, balões, roupas no varal, enfim, tudo o que adultos em geral lembram de suas infâncias. Mas o autor não se contenta em simplesmente fazer uma modinha agradável de se ouvir, ele aproveita toda a criatividade, que indiscutivelmente possui, e se lembra que “naquele tempo” se cantava “Luar do Sertão”, as estrelas salpicadas pelo chão, provavelmente uma referência a “Chão de Estrelas” de Silvio Caldas. Ou seja, toda modinha falava de amor.

Mas a partir desse ponto da canção Chico Buarque começa a lembrar que tudo mudou “depois que ele chegou”. O “ele” da frase certamente tem a ver com um ser repressor, pois o autor usa muito palavras como “ele”, ou “o homem” para indicar alguém que não se pode dizer o nome, mas fica implícito.

Após lembrar que “nuca mais cantei, ó maninha, depois que ele chegou” Chico volta a lembrar de fatos passados na infância, como frutas, sonhos e jardins, mas em seguida pega o gancho das flores e jardins e torna a atacar a entidade repressora, dizendo que hoje é diferente, pois só dá erva daninha no chão que “ele” pisou.

Para culminar o autor faz referência a outra canção sua, quando diz que está “querendo acreditar que o dia vai raiar, só porque uma cantiga anunciou”, referência clara à música Apesar de Você (Você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença...).

Por fim ele encerra com mais uma bela imagem, pedindo à maninha que não o deixe assim tão sozinho a se torturar, que um dia “ele” vai embora pra nunca mais voltar.
Bonita demais!

Segue a letra.

Maninha
(Chico Buarque)

Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha falava de amor
pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinha
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Prá nunca mais voltar...

(postagem 179)

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Josué Montello

Leitura













Josué Montello

Josué Montello, jornalista, professor, romancista, cronista, ensaísta, historiador, orador, teatrólogo e memorialista, nasceu em São Luís do Maranhão a 21 de agosto de 1917, onde passou sua infância e juventude. No começo de 1936, mudou-se para Belém, dali saindo com destino ao Rio de Janeiro, em dezembro do mesmo ano.

Residindo no Rio de Janeiro desde dezembro de 1936, Josué Montello considerava-se um homem de sua Província, com a marca da terra e dos hábitos do Maranhão. Morou também no Peru de 1953 a 1955, em Portugal, em 1957, em Madri, em 1957, em Paris de 1968 a 1970. De 1985 a 1989 exerceu o cargo de Embaixador do Brasil junto à UNESCO, em Paris, sempre retornando a São Luís nas suas vindas ao Brasil. Quase toda sua obra literária traz a marca da inspiração e da cultura maranhense.

Foi agraciado com 12 prêmios literários, um Fardão de Imortal da Academia Brasileira de Letras, no dia 4 de julho de 1955, ocupando a cadeira nº. 29, fundada por Arthur Azevedo e que tem como patrono Martins Pena.

Acumulou uma coleção de títulos e funções entre eles o de Reitor da Universidade Federal do Maranhão. Foi considerado um clássico de nossa literatura com muitos livros traduzidos no exterior, bem como versões cinematográficas de duas de suas novelas.

A obra literária de Josué Montello eleva-se a 160 títulos em vários gêneros, entre eles: romances, ensaios, crônicas, história, história literária, discursos, antologias, educação, novelas, teatro, biblioteconomia, literatura infantil e juvenil, memórias, prefácios, edições para cegos e cinema. Foi colaborador do Jornal do Brasil e também da Revista Manchete.

Ocupou o cargo de presidente da Academia Brasileira de Letras, eleito em 09 de dezembro de 1993, onde tomou posse no dia 16 de dezembro permanecendo até dezembro de 1995.

Faleceu em 15 de março de 2006, aos 88 anos no Rio de Janeiro, onde vivia. Seu corpo está enterrado no cemitério São João Batista, naquela capital.

Podemos, abaixo, ler um texto de Josué Montello, extraído do livro “A Coroa da Areia”.


O Combate

Na véspera do combate, quando a lua despontou por cima dos contrafortes da serra do Medeiro, já encontrou as tropas do Capitão Nelson de Melo a poucos quilômetros do lugar escolhido para o duplo movimento - de vanguarda e retaguarda - contra as forças governistas. O batalhão marchava em silêncio, cobrindo a picada no passo certo da marcha, de baterias prontas para a ofensiva, enquanto a cavalaria se alongava em fila indiana, com os animais de orelhas fitas, rédeas soltas, batendo cadenciadamente os cascos nas pedras do chão. Adiante, nas carretas vagarosas, seguiam dois canhões, ladeados por quatro artilheiros.
Por volta das dez e meia, o batalhão parou para acampar. Dali se podia ver, banhada pela claridade do luar, a silhueta compacta das montanhas fechando o cenário da luta. Ocultos pela vegetação das encostas, já os canhões inimigos espreitariam, alongando o pescoço comprido, prontos para atirar.

João Maurício, que dispensara a barraca de campanha, preferira ficar ao relento, na companhia de seus soldados, sentindo à sua volta a noite imensa e clara. Jamais tinha visto outra assim. Afeito a galgar escarpas e desfiladeiros, vivia agora uma emoção diferente, com aquela luz úmida, aquele silêncio espaçoso, aquelas cumeadas, aquelas árvores que a brisa balouçava. Por terra, junto aos fuzis e às mochilas, jaziam os companheiros adormecidos, agasalhados nas mantas e nos capotes, sem que se lhes ouvisse o ressonar sobressaltado. Parecia a João Maurício que, afora as sentinelas, que se mantinham alerta nos postos avançados, somente ele permanecia vigilante, àquela hora tardia, sentado no chão, com as mãos frias escorando o corpo, que se reclinava para trás. Apesar da marcha longa, não sentia sono nem cansaço.

Aquela vigília não seria um aviso de que seu fim se aproximava? Entregava-se às mãos de Deus, convicto de que tomara o partido da boa causa. E alongava para os alcantis a vista insone. A noite, olhada daquela iminência, com as montanhas empinadas sob a luz alvacenta, tinha a imponência inaugural do mundo primitivo, como se Deus houvesse acabado de fazer tudo aquilo. Aqui, além, esguios pinheiros imóveis, perfilados no sopé das encostas, abriam-se no alto, como em gesto de oferenda. Com o passar das horas, a luz adquiria gradações novas. A própria lua, suspensa sobre a crista da serra, dava a impressão de buscar alguma coisa na claridade fosca, com um ar de notívaga assustada.

Nisto João Maurício percebeu que um vulto se movia ao seu lado, firmando as mãos no solo para erguer a cabeça, e logo reconheceu o Cabo Ruas, que por fim se sentou, esticando os braços curtos:

- Não quis dormir, Tenente? Eu passei pelo sono. Em noites assim, durmo e acordo, durmo e acordo. Tomara que esta briga acabe depressa. Já estou sentindo a falta de casa. Vou brigar ainda um mês ou dois, depois pego licença: já está em tempo de ver minhas crianças. Agora mesmo sonhei com a patroa. Ela fazia um festão com a minha chegada.

E após um silêncio longo, olhando a noite erma:

- Isto aqui mete medo. Aquela montanha ali, muito escura, muito alta, parece que está de dedo empinado, ralhando com a gente. E olhe o vento assobiando. Deus não pode ter inventado a guerra, Tenente. Isto é coisa do Diabo. Eu, aqui, com o meu fuzil, e o senhor, aí, com a sua pistola, só estamos pensando em matar para não ser morto. Deus disse: "Não matarás." E nós, aqui, não fazemos outra coisa. Acho que foi esse pensamento que me tirou o sono. Estou dizendo besteira, Tenente? João Maurício bateu-lhe no ombro:

- Não. Mas trata de dormir. Precisas estar descansado, e eu também. Fica quieto.

E alongou-se ao comprido do chão, com o rosto voltado para o céu, como em busca das estrelas, enquanto o Cabo Ruas se deitava de borco com a cabeça no braço dobrado. Mas, mesmo quieto, João Maurício não dormiu. Para os lados de Belarmino, voltavam a retumbar tiros isolados, que as montanhas repetiam.

- Boa-noite, Tenente.

- Boa-noite, Ruas.

E João Maurício, com as mãos sob a nuca, ia vendo farrapos de nuvens que o vento levava. Quando a luz da aurora se espalhasse por aquelas alturas, haveria sangue no horizonte, por cima das árvores, e sangue na terra, com os primeiros mortos e feridos. Os cavalos se precipitariam sobre o verde dos desfiladeiros, e muitos deles relinchariam, ouvindo o toque das cornetas, por entre o rugir dos canhões, o sibilar das balas, e o estrugir nervoso da metralha. E tanto de um lado quanto de outro, os corpos iriam tombando, à proporção que o dia fosse crescendo.

Sem perceber a transição da vigília para o sono, João Maurício deixou cair pesadamente as pálpebras, e só voltou a si com o Ruas a lhe sacudir o braço:

- Depressa, Tenente: o ataque está começando.

De um salto, ele ficou de pé, ouvindo em redor o alvoroço dos companheiros que se apresentavam para o combate. Na manhã ainda clareando, estrondavam as primeiras cargas cerradas do bombardeio inimigo. Soavam longe os clarins e as cornetas. Alguns cavalos galopavam, outros relinchavam com o repuxo das rédeas e o toque das esporas. E as granadas não tardaram a explodir ali no alto, arrancando toiceiras de mato e salpicos de terra revolvida. De vez em quando, um grito. E os canhões rugiam dos dois lados, escancarando na luz atônita o clarão instantâneo das balas detonadas.

Após a desordem assustada dos momentos iniciais de luta, uma ordem natural ia-se impondo - com os soldados nas posições de combate, a resposta rápida dos tiros, o corpo-a-corpo que lá adiante se travava, a arremetida dos cavalarianos, os grupos que se infiltravam pelos capões de mato e pelo aclive das ribanceiras. A cada instante, uma nova ordem da corneta. Novas cargas cerradas. As granadas de mão que se amiudavam, e já um ou outro soldado inimigo tentava infiltrar-se nas linhas rebeldes, enquanto a luz da manhã crescia e se alastrava.

(postagem 178)

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Como pedalar melhor - Parte 3

Bike













Como pedalar melhor - Parte 3

O assunto é longo e além de longo é importante, portanto estamos tratando em 4 partes.
O que fazer, como fazer, quando fazer... enfim, saiba tudo de “como pedalar melhor” nesses posts que iniciamos no dia 07/07, tivemos a segunda parte no dia 06/08, hoje estamos com a penúltima parte e ainda teremos a finalização no dia 12/09.
Boa leitura!

Câmbio traseiro:

1. aprenda a sentir as mudanças de seu ritmo de pedalada causadas pelas mudanças de inclinação ou vento do trajeto.

2. tente manter o pedalar entre 60 e 90 voltas por minuto (cadência)

3. quanto mais constante melhor, portanto, sempre que necessário, use o câmbio.

4. muda-se a marcha pedalando, de preferência diminuindo a força no pedal no exato momento da troca de marcha

5. câmbio traseiro aceita algum desaforo, mas seja sempre bem educado com ele

6. no começo é chato, depois fica automático


Câmbio dianteiro: (quando há mais de uma coroa junto aos pedais)

1. quando há 3 coroas (cambio dianteiro): a coroa do meio é para qualquer situação, a maior é para descidas ou velocidade, a menor é para subidas fortes

2. no acionador de câmbio esquerdo o número 1 é a coroa menor, o 2 é a do meio, e o 3 é a maior.

3. aprenda a usar o câmbio traseiro com a corrente na coroa do meio (número 2)

4. no caso de ter só duas coroas, use a menor.

5. só quando estiver firme no uso do câmbio traseiro é que se deve começar a usar o dianteiro

6. se tiver que fazer uma subida forte, e ainda não tem muita prática com o câmbio dianteiro, mude a marcha para a coroa menor antes da subida.

Muito importante: câmbio dianteiro não engata sob pressão! Não importa se a bicicleta é barata ou uma caríssima profissional. Câmbio dianteiro não agüenta desaforo! É necessário suavizar a pedalada no momento da troca de marchas.


Usando todas as marchas: (para quem já tem facilidade com as marchas)

1. exemplo: a bicicleta tem 21 marchas, mas não tem 21 velocidades diferentes porque algumas marchas repetem a mesma relação de desmultiplicação (ou relação de velocidade)

2. mantenha a concentração nos músculos da perna

3. não troque a marcha baseado no que está vendo

4. pode haver um "buraco" na relação: numa marcha está muito duro e na marcha seguinte está muito mole. Você terá que optar ou por diminuir a velocidade ou por fazer mais força.

5. se passar da coroa do meio para a menor, endureça duas marchas no câmbio traseiro para manter uma continuidade na relação.

6. se passar da coroa do meio para a maior, amoleça duas marchas no câmbio traseiro para manter uma continuidade na relação.

Importante: evite cruzar a corrente; não engate coroa maior na frente com relação maior atrás, ou coroa menor na frente com relação menor atrás.

Nunca troque de marcha quando estiver pedalando em pé ou sem o apoio do selim.

(postagem 177)

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Raul Seixas

Música














Raul Seixas

Raul Seixas (1945-1989) foi um músico, compositor e cantor brasileiro, um dos grandes representantes do Rock no Brasil. É conhecido por músicas como “Maluco Beleza” e “Ouro de Tolo”.

Raul Santos Seixas nasceu em Salvador. Desde a adolescência, ficou impressionado com o fenômeno do Rock ‘n’ Roll, o que levou a criar uma banda chamada "Os Panteras". Lançou o seu primeiro disco em 1968, “Raulzito e seus Panteras”. Mas o sucesso veio mesmo depois do lançamento do disco “Krig-ha, Bandolo” (1973), cuja música principal, “Ouro de Tolo”, fez grande sucesso no Brasil. O disco tinha outras músicas de grande repercussão, como “Mosca na Sopa” e “Metamorfose Ambulante”.

Raul Seixas se envolveu com ocultismo e estudou filosofia e psicologia, o que fez um dos pouco compositores a tentar imprimir suas idéias em letras aliadas ao som vibrante do Rock, juntamente com ritmos nordestinos.

Em 1974, criou a Sociedade Alternativa, um conceito de sociedade livre inspirada no ocultista Aleister Crowley e que foi tema de uma de suas canções do disco "Gita" (1974).

Raul Seixas produziu bons trabalhos como "Novo Aeon" (1975), "Metrô Linha 743" (1983), "Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!" (1987) e "A Panela do Diabo"(1989), este último, em parceria com o roqueiro Marcelo Nova. Porém, o cantor enfrentou problemas de alcoolismo nos últimos anos, o que levou a falecer com apenas 44 anos, vítima de pancreatite aguda..

Raul Seixas é considerado um dos maiores músicos brasileiros, com uma enorme quantidade de fã-clubes.

Vamos ver e ouvir uma de suas criações mais famosas.

Maluco Beleza
(Raul Seixas e Claudio Roberto)

Enquanto você se esforça prá ser
um sujeito normal
e fazer tudo igual

Eu do meu lado, aprendendo a ser louco
Um maluco total
na loucura real

Controlando a minha maluquez
misturada com minha lucidez
Vou ficar
ficar com certeza
maluco beleza

Este caminho que eu mesmo escolhi
É tão fácil seguir
por não ter onde ir

Controlando a minha maluquez
misturada com minha lucidez
Vou ficar
ficar com certeza
maluco beleza
Eu vou ficar.....


Ouvir












TOCA RAUL!!!!!


https://www.youtube.com/watch?v=fzNI4mA6S4I


(postagem 176)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Medir a satisfação do cliente – Método NPS (Net Promoter Score)


Qualidade














Medir a satisfação do cliente – Método NPS (Net Promoter Score)

Fonte: http://www.blogdaqualidade.com.br

Certamente você já deve ter percebido que o cliente satisfeito é um dos pontos principais para o sucesso de uma organização, uma vez que satisfeito ele pode promover a empresa ou denegrir sua imagem caso esteja insatisfeito com a mesma. O método NPS  (Net Promoter Score) é simples e identifica rapidamente que tipos de cliente a empresa possui.

Atualmente existem diversos métodos que auxiliam a encontrar o nível de satisfação dos clientes e ações para melhorar os serviços prestados. Aqui vamos apresentar o método  NPS  (Net Promoter Score) que realiza uma pesquisa simples e objetiva com os clientes e por meio de duas perguntas aponta o grau de satisfação dos mesmos.

Na primeira pergunta, o cliente deverá responder em uma escala de 0 a 10, qual a nota que ele atribui para o produto ou serviço da empresa. A partir disso, uma nova pergunta será feita de acordo com a resposta dada na primeira pergunta.

Se a resposta foi de 0 a 6, a próxima pergunta será: Qual o motivo desta nota?

De 7 a 8, será: Que dicas você daria para tirarmos nota 10?

E de 9 a 10: Que abordagem você utilizaria para indicar nosso produto/serviço para um amigo?
















Os clientes que dão nota de 0 a 6 são chamados de clientes detratores, pois por estarem insatisfeitos podem promover a empresa de forma negativa. Os que estão entre 7 e 8, são os clientes neutros, estão satisfeitos, mas não o suficiente para promover a empresa positivamente. Já os clientes de 9 a 10, ou clientes promotores, estão completamente satisfeitos e, consequentemente, promovem positivamente a empresa fornecedora.

Após realizar a pesquisa, é possível obter uma média do nível de satisfação dos clientes da empresa. Essa média irá auxiliar a gestão da qualidade na identificação dos problemas e benefícios e assim encontrar maneiras precisas de obter melhorias.

Para descobrir o nível de satisfação de seus clientes (NPS) basta subtrair o percentual de promotores pelo percentual de detratores.










Essa pesquisa pode ser realizada em determinados períodos, obtendo assim resultados de acordo com as variáveis da empresa. Dessa maneira também é possível que não conformidades possam ser identificadas e através das sugestões obtidas na pesquisa, planos de ação possam ser elaborados garantindo a eficácia nos serviços organizacionais.

O Método NPS, realizado por várias organizações em todo o mundo, foi desenvolvido pelas empresas Satmetrix e Bain & Company, no início dos anos 90, através da popularização da metodologia inserida pelo livro “The Ultimate Question” (A pergunta definitiva).

(postagem 175)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

5 dicas (imperdíveis) para o iniciante

Corridas e Caminhadas













5 dicas (imperdíveis) para o iniciante

Fonte: http://o2porminuto.ativo.com

Vai treinar? Então, siga um roteiro seguro. Intercalar a sua corrida com trotes e caminhada para descobrir o seu ritmo está nesse plano. Veja, também, os quatro erros mais comuns nessa fase

Muitos corredores, especialmente os iniciantes, não sabem que ritmo imprimir às passadas, quando começam a correr. Se você está entre eles, saiba que é devagar que se chega lá.

1. Primeiro você deve construir sua base aeróbica (e fortalecer a estrutura muscular), para depois começar a ganhar velocidade e provas. É difícil pré-determinar um ritmo ideal, o famoso "pace",  para quem ainda não tem experiência em corridas, pois ainda está aprendendo a conhecer seu corpo e seus limites. Fique à vontade, para que todo treino possa ser uma atividade prazerosa, mantenha um ritmo confortável e constante, até ter conhecimento melhor de sua capacidade.

2. Quando começar o seu treinamento, mantenha um ritmo tranquilo. A melhor forma para determinar isso é correr o suficientemente devagar para que consiga conversar enquanto corre, sem perder o fôlego. Você deve se sentir à vontade aerobiamente. A velocidade de seu ritmo deve ser lenta para que a atividade possa durar pelo menos quarenta minutos. Assim, correndo durante um período estável você poderá ir melhorarando a sua capacidade aeróbia com o tempo.

3. Junto com a construção da sua capacidade respiratória, é recomendável que você agregue ao treinamento outros exercícios – o chamado cross training – para fortalecer os músculos das pernas (e evitar lesões) e para trabalhar sua coluna e a postura que deve manter durante a corrida.

4. Tempo de treinamento: o ideal é começar com dez minutos de caminhada e alternar com um minuto de trote durante meia hora. Depois, para finalizar o treinamento, mais 10 minutos de caminhada.

5. Evolução: acrescentando um minuto de trote e reduzindo um minuto da caminhada durante o bloco de 30 minutos. Na quarta semana, quando estiver correndo quatro minutos e caminhando somente um, avalie seu progresso – se está fácil ou difícil. Caso ainda tenha dificuldade, permaneça nesse ritmo até sentir confiança para correr por 30 minutos, sem intervalos de caminhada. Assim fica decretado que você é um corredor!

Erros mais comuns

1. Dar a largada em um ritmo acelerado, o que não poderá ser mantido ao longo do percurso. Lembre-se de sempre correr devagar para não ficar cansado em nenhum momento da adaptação.

2. Ignorar uma “dorzinha”. Caso sinta algum desconforto articular, utilize gelo como prevenção e passe uma semana com treinos de quarenta minutos de caminhada.

3. Correr rápido durante apenas vinte minutos não te ajudará a construir a base aeróbica necessária. Por outro lado, começar o treino no “ritmo conservador” ajuda você a, gradualmente, se adaptar o ritmo de seu coração e pulmões que, consequentemente, se tornarão mais eficientes na absorção, distribuição e uso de oxigênio para os músculos. Uma vez construída a sua base aeróbica, você pode começar a aumentar a velocidade, como as mudanças de ritmo, uma vez por semana.

4 . Restringir a alimentação e negligenciar o descanso. Lembre-se de que uma alimentação adequada, descanso e alguns minutos de alongamento, após a corrida, também contribuem para a sua boa performance.

(Fontes: Cathiane Voigt, professora da BK Sports, em São Paulo e João Paulo Póvoa, diretor técnico da assessoria esportiva Inthegra, em SP)

(postagem 174)

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Resenha Literária: Livro 1822

Resenha literária














1822
Laurentino Gomes

Livros de história são chatos!

Quem sempre leu os livros de história indicados por professores na escola e sempre o fez forçado, certamente diria essa frase imediatamente quando fosse sugerido a leitura do livro 1822 de Laurentino Gomes. Mas pasmem: Essa afirmação é tão comum, quanto equivocada.

Ler 1822 é um prazer tão grande que a grande maioria dos leitores, pelo menos os que não conhecem os livros de Laurentino Gomes, vão se surpreender ao fazê-lo. Trata-se de um livro leve, magistralmente escrito por esse craque da literatura que encontrou um nicho onde tínhamos uma lacuna a ser preenchida e ele soube preencher com maestria.

A trilogia (até aqui, pelo menos) que começou com 1808, continuou com este 1822 e seguiu com 1889, joga uma luz sobre fases importantes da história brasileira. Quem ainda não experimentou, o meu conselho é que faça isso imediatamente, por qualquer um dos livros e, certamente, terá vontade de ler os outros.

1822 trata basicamente do período compreendido entre 1821, ano em que D. João volta para Portugal e ano que antecede ao da independência do Brasil, e segue até 1834, ano em que D. Pedro I, que já havia voltado para Portugal e já tinha o título de D. Pedro IV de Portugal.

Para nós, evidentemente, a época mais interessante é a época do primeiro império, quando D. Pedro I fez poucas e boas, tanto nos campos econômico e diplomáticos, quanto no campo pessoal, uma vez que ele certamente seria a glória para qualquer colunista social da época.

Tanto quanto D. Pedro I, outros personagens, conhecidos ou nem tanto, ganham novas cores, como José Bonifácio e Dona Leopoldina, que ganham importâncias que nem sempre foram conferidas a eles. São personagens ricos da nossa história, mas que em geral estudamos superficialmente e nem sempre entendemos o real valor.

No final das contas chegamos à conclusão que o grito do Ipiranga provavelmente não foi um grito, não foi tão heróico assim e não passou de um símbolo, pois a independência mesmo se deveu a outros fatores muito mais complexos do que simplesmente tirar a espada da cinta e gritar Independência ou Morte.

(postagem 173)

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Não Sonho Mais

Chico e sua música














Não Sonho Mais

A cabeça privilegiada de Chico Buarque nos premiou com belíssimas pérolas que já foram analisadas por diversas mentes, brilhantes ou não. Porém a ideia aqui não é fazer uma análise poética ou musical de suas canções, mas sim brincar com as letras sempre inteligentes desse autor e tentar entender o que ele disse nas linhas e/ou nas entrelinhas. Enfim, pesquisando e analisando, busco aprender um pouco mais sobre meu ídolo.


O discurso desta música composta para o filme República dos assassinos, de Miguel Faria, é heterobiográfico, bem ao feitio de Chico. Neste, quem fala é um travesti, dirigindo-se ao seu amor, um policial. Segundo o próprio Chico, "é uma letra violenta pra burro''.

O travesti relata ao policial, atemorizadamente, o seu sonho: o desejo de vingança traz uma multidão de pessoas - todas com um bom motivo para esfolar o policial - numa caravana, num trem, para o acerto de contas. E de nada adiantava ele correr destes mortos. vivos, flagelados e humilhados: quanto mais ele corria, mais piorava a situação, inclusive se atolando. Ao pé da ribanceira.

Todo aquele povo, vítima do policial, estabelece a vingança definitiva. Antropofagicamente, matam, "viram as tripas" e comem "os ovo" do carrasco (numa alusão a que, devorando os testículos dele, estariam impedindo que fossem gerados seres tão maléficos e indesejáveis quanto ele). A comemoração é geral, e aquele povo "põe-se a cantar" (essa imagem Chico usa muito: vide "Apesar de você" e "Rosa-dos-ventos").

Assim como em “Geni e Zepelim”, o autor utiliza metáforas escatológicas, muito em moda na época. Apesar do ritmo alegre e frenético da canção, a ironia da letra é servida crua, em carne viva, em uma violência explícita. No verso “Comemos os ovo”, propositalmente escrito fugindo da combinação do plural, mostra a castração feita sem piedade, sendo os testículos devorados, submetendo o amado a mais perversa das humilhações contra a virilidade. No fim, há o momento de conciliação, em que após um sonho tão cruel e libertador, o travesti volta à submissão do amado, e pede que não o castigue, pois não terá outro sonho tão devastador.

O final da música tem um arranjo "bem bolado" - o som parecido com o de um trem, como a indicar que o trem no qual viajara a caravana vingadora - após a missão cumprida - estivesse de partida.



Não Sonho Mais
(Chico Buarque)

Hoje eu sonhei contigo,
Tanta desdita! Amor, nem te digo
Tanto castigo que eu tava aflita de te contar.

Foi um sonho medonho
Desses que, às vezes, a gente sonha
E baba na fronha e se urina toda e quer sufocar.

Meu amor, vi chegando
Um trêm de candango
Formando um bando,
Mas que era um bando
De orangotango pra te pegar.

Vinha nego humilhado,
Vinha morto-vivo, vinha flagelado.
De tudo que é lado
Vinha um bom motivo pra te esfolar.

Quanto mais tu corria
Mais tu ficava, mais atolava,
Mais te sujava. Amor, tu fedia,
Empesteava o ar.

Tu que foi tão valente
Chorou pra gente. Pediu piedade
E, olha que maldade,
Me deu vontade de gargalhar.

Ao pé da ribanceira acabou-se a liça
E escarrei-te inteira a tua carniça
E tinha justiça nesse escarrar.

Te "rasgamo" a carcaça
Descendo a ripa. "Viramo" as tripas,
Comendo os "ovo", ai!,
E aquele povo pôs-se a cantar.

Foi um sonho medonho,
Desses que, às vezes,
A gente sonha e baba na fronha
E se urina toda e já não tem paz.

Pois eu sonhei contigo e caí da cama.
Ai, amor, não briga! Ai, não me castiga!
Ai, diz que me ama e eu não sonho mais!

(postagem 172)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O que diferencia um líder forte de um fraco?

Gestão












O que diferencia um líder forte de um fraco?

Ref.: http://blogqualitin.blogspot.com.br


Ter todo o conhecimento do mundo não significa nada sem as pessoas certas. Uma pessoa pode fazer toda a diferença. Pode ser alguém que entenda a empresa por inteiro e aprimora o andamento da mesma, não através de ordens de mudança, mas envolvendo e motivando.

Para alguns líderes irritar as pessoas é um entretenimento pessoal. Esses líderes raramente são bem sucedidos. Dunn referenciou estudos que concluem que os três fatores principais para o sucesso de líderes eficazes são a competência técnica, habilidade de pensamento crítico e habilidade de comunicação.

Você sabe que existe um problema quando um líder diz: "Eu não faço isso; Tenho pessoas que fazem por mim", bons líderes não precisam ser necessariamente muito inteligentes, com uma memória incrível, muito experientes ou com habilidades inatas. Eles têm habilidades para resolver problemas.

Alan Mulally, CEO da Ford Motor Company, veio para a indústria automotiva sem muita experiência no setor, mas ele tem sido muito bem sucedido. Por quê? Porque ele é um tipo de líder analítico.

Líderes analíticos são adaptáveis e possuem formas sistemáticas e metodológicas para alcançar resultados. Pode parecer piegas, mas eles aplicam o método científico que envolve a formulação de hipóteses e testes para aprovar ou desaprovar. Eles dependem da busca pela raiz do problema e entendimento da causa-e-efeito. Resumindo: a chave para o alto desempenho é uma estratégia bem formulada, pessoas talentosas, e a capacidade de executar a estratégia da equipe executiva através de uma comunicação clara.

As principais características de um líder analítico:

O livro “O homem que mudou o jogo” (que posteriormente virou filme) demonstrou que os tradicionais métodos de caça talentos no beisebol ("Ele tem um bom balanço") deram espaço para a pesquisa baseada em fatos e análises estatísticas.

O recurso mais escasso em uma organização é a capacidade humana e competência. É por isso que as organizações devem incentivar cada funcionário a desenvolver suas habilidades. Mas ter boas competências não é suficiente. Qualidades pessoais são essenciais para completar o “pacote” de um líder eficaz. Em um líder analítico três características são necessárias: a curiosidade, a imaginação e a criatividade. Os três estão sequencialmente ligados. Pessoas curiosas constantemente perguntam "por que as coisas são do jeito que são?" e "existe uma maneira melhor de fazer isso?”. Sem essas qualidades pessoais a inovação será sufocada.

Líderes fracos estão propensos a um viés de diagnóstico. Eles podem ser cegos diante às evidências e acreditam que a intuição e instinto são aceitáveis. Em contraste, uma pessoa curiosa sempre faz perguntas. Eles geralmente amam o que fazem. Se eles também são bons líderes irão infectar pessoas com seu entusiasmo. Sua curiosidade leva a imaginação. A imaginação considera possibilidades e soluções alternativas. Imaginação, por sua vez desperta a criatividade.

Criatividade é a implementação da imaginação.

Bons analistas têm uma principal missão: obter ideias através de técnicas quantitativas que resultarão em melhores decisões e ações. Sua imaginação resulta em criatividade e também pode resultar em visão. A visão é a marca de um bom líder. Na minha opinião, um líder executivo tem um trabalho (além de contratar bons funcionários e prepará-los). Esse trabalho é responder à pergunta: "onde queremos ir?". Com essa resposta os gerentes podem responder à próxima pergunta "como é que vamos chegar lá?". É neste momento em que análises e metodologias de gerenciamento são aplicadas, tais como mapas estratégicos, análise de rentabilidade de clientes, gestão de risco, previsões financeiras e planos.

Nos estudos de Alan Dunn existem outras características percebidas em bons líderes, mas que são superestimadas. Tais como a ambição, espírito de equipe, integridade, coragem, disciplina e confiança. Obviamente elas são ótimas para um líder, mas inexpressivas comparadas à competência técnica e habilidade de pensamento crítico e de comunicação.

Seja analítico e você pode ser um líder!


(postagem 172)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Ignácio de Loyola Brandão

Leitura













Ignácio de Loyola Brandão

Ignácio de Loyola Lopes Brandão nasceu em Araraquara - SP, no dia 31 de julho de 1936, dia de Santo Ignácio de Loyola.

Seu pai, que chegou a publicar histórias em jornais locais e que conseguiu formar uma biblioteca com mais de 500 volumes, o incentivou a ler desde que foi alfabetizado.  Fascinado por dicionários, chegou a trocar com seus colegas de classe palavras por bolinhas de gude e figurinhas. Mais tarde, esse fato acabou se transformando no conto "O menino que vendia palavras", primeiro a ser publicado pelo autor.

A Folha Ferroviária, semanário da cidade de Araraquara, publica no dia 16 de agosto de 1952 uma crítica do filme "Rodolfo Valentino", primeiro texto de Ignácio. Dias depois, o jornal Correio Popular daquela cidade a reproduz.

Dado o primeiro passo, o precoce escritor passa a escrever reportagens, críticas de cinema e entrevistas em outro diário de Araraquara, O Imparcial.  Em 1955 inaugura a primeira coluna social da cidade.

Concluído o curso científico, em 1956, muda-se para São Paulo e vai trabalhar no jornal Última Hora, tendo ali permanecido por nove anos.

Em 1968, ocorre o lançamento de "Bebel que a cidade comeu", seu primeiro romance.

Em 1975, após o lançamento de "Zero" no Brasil, Ignácio participa de inúmeros encontros com seus leitores, debatendo sua obra e a situação do país.
Em julho de 1976 "Zero" recebe o prêmio de "Melhor Ficção", concedido pela Fundação Cultural do Distrito Federal. Em novembro o livro é censurado pelo Ministério da Justiça e sua venda é proibida.

Em 1993, começa a escrever uma crônica no caderno "Cidades" de "O Estado de São Paulo" que, a partir de 2000, seria transferida para o "Caderno 2".

Afligido por fortes tonturas, descobre existir um aneurisma cerebral. Submete-se, em maio de 1996, a uma bem-sucedida cirurgia, que dura onze horas.


O homem cuja orelha cresceu
(Ignácio de Loyola Brandão)

Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada. Pensou que fosse cansaço, eram 11 da noite, estava fazendo hora-extra. Escriturário de uma firma de tecidos, solteiro, 35 anos, ganhava pouco, reforçava com extras. Mas o peso foi aumentando e ele percebeu que as orelhas cresciam. Apavorado, passou a mão. Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de cachorro. Correu ao banheiro. As orelhas estavam na altura do ombro e continuavam crescendo. Ficou só olhando. Elas cresciam, chegavam a cintura. Finas, compridas, como fitas de carne, enrugadas. Procurou uma tesoura, ia cortar a orelha, não importava que doesse. Mas não encontrou, as gavetas das moças estavam fechadas. O armário de material também. O melhor era correr para a pensão, se fechar, antes que não pudesse mais andar na rua. Se tivesse um amigo, ou namorada, iria mostrar o que estava acontecendo. Mas o escriturário não conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório. Colegas, não amigos. Ele abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro. Enrolou uma toalha na cabeça, como se estivesse machucado.

Quando chegou na pensão, a orelha saia pela perna da calça. O escriturário tirou a roupa. Deitou-se, louco para dormir e esquecer. E se fosse ao médico? Um otorrinolaringologista. A esta hora da noite? Olhava o forro branco. Incapaz de pensar, dormiu de desespero.

Ao acordar, viu aos pés da cama o monte de uns trinta centímetros de altura. A orelha crescera e se enrolara como cobra. Tentou se levantar. Difícil. Precisava segurar as orelhas enroladas. Pesavam. Ficou na cama. E sentia a orelha crescendo, com uma cosquinha. O sangue correndo para lá, os nervos, músculos, a pele se formando, rápido. Às quatro da tarde, toda a cama tinha sido tomada pela orelha. O escriturário sentia fome, sede. Às dez da noite, sua barriga roncava. A orelha tinha caído para fora da cama. Dormiu.

Acordou no meio da noite com o barulhinho da orelha crescendo. Dormiu de novo e quando acordou na manhã seguinte, o quarto se enchera com a orelha. Ela estava em cima do guarda-roupa, embaixo da cama, na pia. E forçava a porta. Ao meio-dia, a orelha derrubou a porta, saiu pelo corredor. Duas horas mais tarde, encheu o corredor. Inundou a casa. Os hospedes fugiram para a rua. Chamaram a polícia, o corpo de bombeiros. A orelha saiu para o quintal. Para a rua.

Vieram os açougueiros com facas, machados, serrotes. Os açougueiros trabalharam o dia inteiro cortando e amontoando. O prefeito mandou dar a carne aos pobres. Vieram os favelados, as organizações de assistência social, irmandades religiosas, donos de restaurantes, vendedores de churrasquinho na porta do estádio, donas-de-casa. Vinham com cestas, carrinhos, carroças, camionetas. Toda a população apanhou carne de orelha. Apareceu um administrador, trouxe sacos de plástico, higiênicos, organizou filas, fez uma distribuição racional.

E quando todos tinham levado carne para aquele dia e para os outros, começaram a estocar. Encheram silos, frigoríficos, geladeiras. Quando não havia mais onde estocar a carne de orelha, chamaram outras cidades. Vieram novos açougueiros. E a orelha crescia, era cortada e crescia, e os açougueiros trabalhavam. E vinham outros açougueiros. E os outros se cansavam. E a cidade não suportava mais carne de orelha. O povo pediu uma providência ao prefeito. E o prefeito ao governador. E o governador ao presidente.

E quando não havia solução, um menino, diante da rua cheia de carne de orelha, disse a um policial: "Por que o senhor não mata o dono da orelha?"

(postagem 171)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Como pedalar melhor (Parte 2)

Bike













Como pedalar melhor
Parte 2

O assunto é longo e além de longo é importante, portanto estamos tratando em 4 partes.
O que fazer, como fazer, quando fazer... enfim, saiba tudo de “como pedalar melhor” nesses posts que iniciamos no dia 07/07, estamos com a segunda parte hoje e teremos ainda as duas últimas partes nos dias 25/08 e 12/09.
Boa leitura!


Usando as marchas
 
Sobre marchas e relação de marchas:

Quantas marchas têm a bicicleta? 21 marchas = 7x3; portanto ela tem 7 velocidades atrás e 3 na frente. O que isto importa? Depende, mas geralmente muito pouco. Importante é que a relação de marchas (ou relação de velocidades) seja apropriada para o uso à que se destina e que o ciclista saiba como usá-las corretamente.

Quanto mais marchas melhor? Não necessariamente. É óbvio que, quanto maior o número de marchas, mais opções de velocidades o ciclista tem. Mas a grande maioria, incluindo aí alguns profissionais, não sabe usar bem as marchas e sua relação. Relembrando: o importante é uma relação de marchas para o uso que se destina, e não o número de marchas.

Uma boa relação de marchas está diretamente ligada a quem é o ciclista e onde ele irá pedalar. Ter 21 marchas num local plano não faz sentido porque as primeiras marchas, as mais reduzidas, servem para subir montanhas. Outro exemplo: uma pessoa não esportista passeando em local acidentado, necessita de uma relação que suavize muito as subidas, o que não é necessário para quem está treinado.

Atenção: para quase todas as bicicletas com câmbio vendidas no Brasil: as mudanças de marchas devem ser feitas sempre pedalando.

Usando o câmbio
 
Acionadores manuais de câmbio:

1. mão direita para o câmbio traseiro, mão esquerda para câmbio dianteiro

2. quanto maior o número no indicador do acionador de câmbio, mais duro de pedalar fica, mais veloz a bicicleta vai

3. nos acionadores de câmbio que tem duas alavancas: a maior serve para amolecer o pedalar, a menor endurece o pedalar

Para quem não sabe mudar as marchas:

1. aprenda usando só o câmbio traseiro (mão direita)

2. esqueça o câmbio dianteiro por enquanto (mão esquerda)

3. só acione o câmbio pedalando!

4. não olhe para os números do acionador

5. sempre pedalando, brinque com o acionador para sentir a diferença

6. descubra o que acontece com as pernas cada vez que é acionado o câmbio

7. mude uma marcha por vez e descubra quando fica mais cômodo pedalar

O segredo é manter a velocidade média de giro da perna (cadência) o mais constante possível, mudando as marchas conforme a necessidade, exatamente como no uso do câmbio do carro.
Suas pernas são o motor e há um momento correto para mudar as marchas: entre o girando demais e o forçando muito.
No carro você não fica olhando para a alavanca de câmbio e pensando a cada vez que vai engatar uma marcha, então não faça isto na bicicleta.
Automatize sua reação.

Não importa em que marcha está, nem o número que aparece no visor, nem qual você acredita ser a marcha ideal para aquele trecho.
O que importa, e interessa de verdade, é quem deve comandar as marchas: são suas pernas. Elas é que vão dizer se a pedalada deve ser mais pesada ou mais leve.


(postagem 170)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Como ser mais rápido para tratar não conformidades?

Qualidade














Como ser mais rápido para tratar não conformidades?

Fonte: http://www.qualidadebrasil.com.br/

Várias organizações tem sérios problemas com o tempo em que uma não conformidade fica aberta, até porque, muitas vezes, isso está totalmente ligado com o compromisso dos funcionários com o sistema de gestão da qualidade e a falta de treinamento ou compreensão das pessoas que estão executando as ações.

Em todo caso, um indicador que aponta gasto de muito tempo no tratamento de não conformidades deve ser analisado com calma e muita atenção.

Obviamente, nenhuma não conformidade é igual a outra, e realmente, há situações mais complexas que demandam mais tempo para desenvolver e acompanhar ações corretivas e preventivas, porém, pensando de forma geral, quando o tempo gasto é na execução dos planos de ação em si estará tudo bem, o problema real é quando o tempo se estende porque a informação demorou para chegar ao responsável, os responsáveis não conseguem resolver os problemas por não conseguirem ter uma visão sistêmica da ocorrência toda, há muita burocracia dentro da organização e o processo se perde no meio do caminho.
Sempre que se fala em plano de ação de não conformidade, é bom lembrar que o plano é importante, mas o centro das atenções nunca deixará de ser a AÇÃO, na resolução do problema de fato, e se a informação não fluir, se as coisas não cooperarem para que a ação se desenvolva, você tem um problema muito sério: sua equipe se desgasta muito com coisas adjacentes ao que realmente devem fazer.

Como proceder então?

Você precisa de algo que te ajude de fato, que te desenvolva, que te dê mais qualidade e não que te enrole mais.

Vários softwares fazem o serviço chato de controlar o processo como padronizar seu processo de tratamento de não conformidades centralizando informações em um só lugar, ou seja, esquece aqueles milhões de planilhas que chegam no seu e-mail, quando você for falar de não conformidade, você pode abrir uma página na web com todas as informações que você precisa em qualquer lugar em que você estiver.

É possível ainda definir responsáveis e participantes para ações, onde qualquer um pode comentar, reportar andamento ou custos, anexar documentos, notificar outros usuários envolvidos e todos os participantes da ação respectiva receberão automaticamente um e-mail informando a atividade que você fez naquela ação, assim, poupa tempo com ligações, reuniões, ou até por ter que esperar tal pessoa estar na empresa para se comunicar. Fluir a informação não será mais um desafio tão complicado assim.

Existem softwares que já possuem ferramentas como o 5W2H, ciclo PDCA, método dos 5 Porquês e Diagrama de Ishikawa, ou seja, eles dispõe de tudo o que é necessário para realizar a melhoria na sua organização.

Veja bem, agora que o seu desafio não é mais o processo, você pode trabalhar tranquilamente o compromisso das pessoas com a qualidade, que também é um desafio. Mas entenda que você terá mais tempo para pensar sobre assuntos mais estratégicos que valorizarão ainda mais seu trabalho.

Quando falamos de não conformidade contamos que você já sabe que ser notificado de uma não conformidade é uma oportunidade e não um desgosto, sendo assim, é importante que você faça isso da melhor maneira possível.


(postagem 169)